Divisões bloqueiam governo
TENSÃO r ERC recusa manter voto delegado dos políticos detidos e deixa separatistas sem maioria
Oseparatismo catalão está numa encruzilhada causada por divisões internas. A Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) recusou continuar a desafiar a Justiça espanhola e negou apoio ao Juntos pela Catalunha (JuntsXCat), do presidente Quim Torra, na insistência em manter a delegação de voto para os deputados separatistas presos ou exilados. Este facto deixou o bloco separatista sem maioria parlamentar, o que pode precipitar a queda do governo e novas eleições.
A recusa de apoio da ERC deixou sem direito de voto os de-
CISÃO ENTRE ALIADOS SEPARATISTAS PODE PRECIPITAR ELEIÇÕES
putados do JuntsXCat Carles Puigdemont, exilado em Bruxelas, e os detidos Jordi Turull, Josep Rull e Jordi Sànchez, a que se soma Toni Comín, da ERC, também exilado. Estes cinco votos retiraram a maioria aos separatistas. O que isso implica fic o u c lar o t e r ç a- fe ir a, no chumbo de três propostas. A primeira visava reiterar o direito da Catalunha à autodeterminação; a segunda reprovava o Rei Felipe VI; e uma terceira frisava a existência “de perseguição política” na Catalunha.
As medidas ficaram inviabilizadas porque as votações tiveram um empate a 65 votos entre separatistas e bloco opositor, formado por socialistas, Partido Popular, Cidadãos e Catalunha em Comum - Podemos. Acontece que este empate passa a ser norma, pois JuntsXCat e ERC, bloco do governo, somaram 66 deputados nas eleições de dezembro, num hemiciclo de 135 lugares. Mas o fim da delegação de voto dos cinco separatistas reduz o número a 61. Neste cenário, nem o apoio continuado dos quatro deputados da CUP, formação separatista de extrema-esquerda que se distanciou do governo, bastaria para garantir os 68 votos da maioria absoluta.