O inquérito

Não se sabe, ainda, ao certo se foi um caso isolado ou não, mas o facto é que numa escola básica do Porto foi perguntado a alunos de nove, dez anos (5º ano de escolaridade) se eles se sentiam “atraídos por homens, mulheres ou ambos”. A primeira coisa que ocorre dizer é que as nossas crianças não deviam estar sujeitas nem expostas a este tipo de descuido ou estupidez. A segunda, igualmente óbvia, é que um professor não devia distribuir aos seus alunos um inquérito sem antes ter lido o seu conteúdo, ainda mais se esse inquérito veio de uma entidade externa à escola e ao Ministério da Educação. Mas para além destas evidências, este caso passado numa disciplina de Cidadania onde se pretendia discutir a igualdade do género revela algo mais profundo e, para mim, mais preocupante. Revela a radicalização que se vem instalando na nossa sociedade de querer impor, à pressa e de uma forma forçada (e preferencialmente caucionada pelo Estado), uma agenda de reconfiguração so- cial muito ao gosto ideológico de uma certa esquerda mas desfasada da realidade sociológica do país. Uma coisa é combatermos preconceitos e discriminações e lutarmos por uma sociedade mais livre, mais igual e mais inclusiva, em pleno respeito pelas diferenças. Outra, bem diversa, é a imposição de um programa que, escudado no ‘politicamente correcto’, quer forçar uma forma unívoca de ver o mundo e a sociedade. As questões da identidade de género, sendo naturalmente importantes, costumam também ser campo fértil para os maiores equívocos, condicionamentos e disparates. Como é o caso deste inquérito. O grande problema, por trás disto tudo, é que muitos dos fenómenos populistas e radicais que surgem que significam um pouco para por todo a maioria o mundo de nós e um retrocesso civilizacional nascem, em grande parte, em reacção a estes pretensos avanços e evoluções. nem Parece-me um nem que outro. o caminho não é

QUESTÕES DA IDENTIDADE DE GÉNERO COSTUMAM SER CAMPO FÉRTIL PARA O DISPARATE