O furacão de Costa
António Costa aproveitou a demissão na Defesa causada pelo escândalo da farsa de Tancos e anuncia uma remodelação mais ampla com as saídas de Adalberto Campos Fernandes, Castro Mendes e Caldeira Cabral. São mudanças que fazem sentido. Os 4 demitidos estavam no elo mais fraco do Executivo. Desse lote sobrevive o ministro da Educação, o que significa que o primeiro-ministro aprova o braço de ferro que o Tiago Brandão Rodrigues, sob a vigilância atenta de Mário Centeno, está a realizar com os sindicatos de professores. Neste processo, Costa reforça o poder de pessoas que lhe estão mais próximas. Siza Vieira, amigo dos bancos de faculdade, já era o verdadeiro ministro da Economia. Perde a tutela da Energia por causa dos conflitos éticos , relacionados com ligações aos investidores chineses. Para Siza, um rico advogado de negócios, a passagem pela Economia vai reforçar o seu currículo profissional. Mas colocar um advogado de um grande escritório nesta pasta pode acarretar mais riscos deontológicos. A entrada de duas mulheres reforça a paridade de género no Governo. A nova ministra da Saúde é jurista, mas vem da gestão hospitalar. Castro Mendes , um razoável poeta, não deixa saudades na Cultura e dá lugar a uma socióloga que acompanha Costa desde a Câmara de Lisboa. E o incompetente Azeredo é substituído por Gomes Cravinho, filho do antigo ministro João Cravinho, mostrando que há, de facto , dinastias no republicano PS.