Correio da Manha

Crimes sem castigo

- ARMANDO ESTEVES PEREIRA DIRETOR-GERAL EDITORIAL-ADJUNTO

Joana Marques Vidal, ex-PGR, confessou, numa entrevista recente, que ficou surpreendi­da com a dimensão da corrupção em Portugal. Graças a magistrado­s, polícias corajosos e investigaç­ões jornalísti­cas conhecemos cada vez mais casos de crimes de colarinho branco, que envolvem o enriquecim­ento injustific­ado de titulares de cargos públicos. Mas entre os sinais claros de fortunas descomunai­s de políticos e outros agentes do Estado – que oficialmen­te nunca ganharam mais do que os vencimento­s do cargo, e com famílias sem património relevante – e as condenaçõe­s judiciais há um fosso abissal. Porque a lei, que manda para a cadeia os pilha-galinhas, dificulta a prova nos crimes do colarinho branco. Até parece que os legislador­es se protegem em causa própria. O CM lançou, em 2011, uma petição contra o enriquecim­ento ilícito e entregou um documento no Parlamento com mais de 30 mil assinatura­s. Quase nada se alterou. Era fácil mudar para melhor, bastava obrigar os titulares de cargos públicos com sinais de riqueza injustific­ados a provar a origem do património. É o que o Fisco faz a milhares de cidadãos. A corrupção é um cancro que mina a democracia e enfraquece a economia. É um imposto injusto suportado pelos contribuin­tes que pagam mais caro por serviços piores. Por isso exige combate urgente e eficaz.

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