14 anos de prisão por escravizarem
ILEGAL r Imigrantes ilegais trabalhavam na apanha de morangos
Quando os inspetores do SEF irromperam pela estufa de morangos, em Paço dos Negros, Almeirim, encontraram 23 nepaleses a trabalhar em situação ilegal. Percebeu-se então que viviam num armazém ali perto, em condições desumanas. Ainda assim, o patrão obrigava-os a pagar pelo alojamento e pela comida. Este e outros dois homens acabaram condenados a 13 e 14 anos de prisão, em dezembro de 2017, por 23 crimes de tráfico de pessoas. Recorreram, mas a Relação de Évora confirmou agora as penas.
Os nepaleses chegaram a Portugal e foram colocados numa produção agrícola, por intermédio de uma empresa de trabalho temporário. Assinaram um contrato de trabalho redigido em português – mesmo sem saberem ler ou falara língua de Camões -, em que se lia que iam ganhar 530 €/mês. No processo burocrático, o patrão exigiu logo que fossem pagos 200 € para a Segurança Social.
O empregador exigia ainda 60 euros mensais pelo alojamento: dormiam num armazém sem janelas, com dois duches avariados, sem água potável e sem esgotos. Por vezes, era distribuída alguma comida, mas os imigrantes também tinham de pagar 55 euros por mês. Segundo o acórdão, a jornada de trab alho começava às 06h30 e terminava pelas 15h30. Por vezes folgavam ao domingo. As vítimas disseram que nunca sabiam quanto dinheiro iam receber. No acórdão é dito que os arguidos agiram “sem preocupação pela saúde e dignidade” dos imigrantes.
PAGAVAM 60 EUROS
POR ARMAZÉM SEM ÁGUA POTÁVEL NEM ESGOTOS