GOVERNO DE PASSOS PRESSIONADO POR RICCIARDI
Os investigadores do processo Monte Branco consideram que José Maria Ricciardi, ex-líder do BESI, procurou exercer influência junto do amigo e então primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, com o objetivo de acelerar as privatizações da EDP/REN.
Numa das conversas escutadas, divulgada pela revista ‘Sábado’, há referência à intenção do banqueiro em “fazer telefonemas “para dar um “último tiro” na questão das privatizações. Depois de tentar chegar ao líder do PSD usando terceiros, o primo de Salgado fê-lo diretamente. Os inspetores registaram vários contactos, pessoais e por telefone, junto do líder do Governo durante e após as milionárias privatizações. O Mi- nistério Público considera que as conversas revelam indícios do crime de tráfico de influências. Apesar das interceções telefónicas “não revelarem qualquer recetividade do primeiroministro à abordagem de José Maria Ricciardi não afasta o preenchimento do tipo de crime (...)”, afirmam.
Em contraponto, Isabel dos Santos fazia frente a Ricciardi. As escutas mostram Ricardo Salgado a perguntar ao primo como estava o negócio da ZON e a resposta é pronta: “Temos de ter muito cuidado com isto, não vá a gaja passar-se dos carretos e, por ricochete, acertar no assunto da ESCOM”, disse Ric-
ciardi que temia que a petrolífera angolana não comprasse a empresa de investimentos do Grupo Espírito Santo.
Nessa mesma conversa, intercetada em fevereiro de 2012, Salgado conta ao primo que Isabel dos Santos está “com vontade de sacar a PT de Angola” para entrar a Vodafone. Os banqueiros estão preocupados porque não sabem exatamente quem está à frente do negócio e Ricciardi desabafa que tem medo que a “gaja ainda se vá queixar ao pai”.
BANQUEIRO PRECISAVA
DE “FAZER TELEFONEMAS” PARA DAR “ÚLTIMO TIRO” “TEMOS DE TER CUIDADO, NÃO VÁ A GAJA PASSAR-SE DOS CARRETOS”