AS VIRTUDES DO COMPROMISSO
passada sexta-feira em Bruxelas, entrei no edifício do Conselho de Ministros da UE com grandes expectativas em relação à reunião de Ministros na qual iria participar. Debatia-se a minha proposta ‘Horizonte Europa’, futuro programa europeu de investigação e inovação, com vista a uma primeira aprovação dos 28 países. A Comissão Europeia, representada por mim, defende o interesse geral e ajuda a construir pontes entre as diferentes posições. Trabalho inglório, já que qualquer compromisso nunca é plenamente satisfatório para todas as partes. Houve drama e emoção. Por várias vezes, foi necessário interromper a reunião para conversas paralelas e para tentar acomodar as pretensões deste ou daquele. Ao fim de mais de 8 horas chegámos a um acordo. Foi uma vitória para a ciência e inovação, mas também para o peculiar, por vezes frustrante, mas sempre construtivo processo de decisão da UE. Muitos exasperam-se com reuniões intermináveis e tensões entre as delegações. Eu fico sempre agradavelmente surpreendido quando 28 países tão diferentes conseguem aliar os seus legítimos interesses com a solidariedade, e em que o resultado é superior ao que cada um conseguiria sozinho. É esse o espírito da UE.