Hospitais sem verbas para tratar hepatite C
HOSPITAIS SEM DINHEIRO PARA TRATAMENTOS
DESPESA • O custo da medicação é de cerca de 6500 euros por doente
DADOS • Em causa está a alteração do modelo de financiamento em novembro de 2017
Os hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) estão sem verba para pagar os tratamentos da hepatite C. As faturas estão a acumular e muitas são do ano passado. O valor não é revelado devido ao acordo de confidencialidade assinado com os laboratórios, mas ao que o CM apurou cada tratamento rondará uma média de 6500 euros por doente.
Por exemplo, em setembro de 2018, o Centro Universitário Hospitalar de Lisboa Central (CUHLC), ao qual pertence o Hospital de S. José, devia à Gilead, primeiro laboratório a fornecer os tratamentos para tratar a hepatite C em Portugal, cerca de 6,6 milhões de euros.
Fonte da Gilead explicou que “a alteração das regras de financiamento, implementadas em novembro de 2017, para a compra de medicamentos para a hepatite C, teve consequências ao longo de 2018 no acesso ao tratamento”. Tudo porque “o modelo de financiamento anterior previa o pagamento centralizado dos medicamentos através da ACSS (Administração Central do Sistema de Saúde) e a sua aplicação permitiu tratar, em dois anos, cerca de 15 mil doentes”, mas “com a alteração introduzida pelo novo modelo de financiamento, o pagamento passou a ser efetuado pelos próprios hospitais”.
A questão é que ao passar a responsabilidade do pagamento dos tratamentos para os hospitais e dadas as restrições orçamentais conhecidas, “os hospitais reduziram de forma significativa o número de tratamentos em 2018, com impacto quer nos doentes que ainda aguardam a cura, quer nos objetivos de saú- de pública referentes à eliminação da hepatite C”, explica a Gilead,
Segundo dados da Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed), em outubro de 2018, est avam regis tado s 2 1 2 6 5 doentes e desses, 19 274 tinham iniciado tratamentos. E, no que respeita a tratamentos finalizados, encontravam-se registados 11 233 doentes curados e 400 doentes não curados.
LABORATÓRIO CONFIRMA REDUÇÃO DO NÚMERO DE TRATAMENTOS
MAIORIA DAS FATURAS EM ATRASO TEM A DATA DO ANO PASSADO