As penas suspensas dos predadores
Os ataques sexuais a menores representam das condutas mais vis e indecentes que os seres humanos podem praticar. Deixam geralmente sequelas para toda a vida, destroem laços familiares e perturbam comunidades. Atos levados a cabo por escabroso prazer ou por distorções patológicas tornam-se numa arma de destruição maciça contra a saúde e o futuro das nossas crianças. Esse futuro torna-se ainda mais nebuloso e perturbador quando se trata – na maioria dos casos – de agressores familiares, em contexto de proximidade relacional.
Sem esquecer os inúmeros casos de abusos sexuais que não são denunciados às autoridades, temos ainda impressionantes números que nos revelam que menos de 40% deste tipo de criminosos vão efetivamente para a prisão. Não admira, pois todos os meses temos conhecimento de novos casos escabrosos que acabam em impunidade. Ainda este mês foi noticiado que um homem de 39 anos, companheiro da tia da menor, foi sentenciado a três anos e meio de pena suspensa por 7 crimes contra essa criança. E em Abril do ano passado tivemos um professor de matemática condenado a cinco anos de pena suspensa por 86 crimes de abuso sexual de menores. Poderia continuar o rol de casos impressionantes, mas precisaria de dezenas de páginas para o fazer.
Como chegámos aqui? Como atingimos este grau de impunidade numa matéria tão importante?
Não consigo compreender, até porque pelo meio temos situações de homens que também vêem as suas penas suspensas em casos de abuso de menores com deficiência e mulheres com a mes-