Laboratórios venderam dívida do SNS a financeiras
Em novembro do ano passado, a dívida dos hospitais do S e rviç o Nacio nal de S aúde (SNS) às empresas da Indústria Farmacêutica superava os 888 milhões de euros.
Mesmo assim, em relação a outubro, registava uma descida na ordem dos 100 milhões de euros, segundo dados da Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (APIFARMA).
No entanto, ao que o CM apurou, estes 100 milhões de euros a menos não foram pagos pelos hospitais. “O que aconteceu foi que a dívida deixou de constar na contabilidade dos laborató- rios porque estes a venderam a sociedades de ‘factoring’, empresas financeiras, que passaram a assumir o lugar de credoras dos hospitais públicos”, explicou fonte do setor ao CM, su- blinhando que “os laboratórios também têm contas para pagar e precisavam de dinheiro”.
A falta de financiamento dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde leva a frequentes atrasos nos pagamentos das faturas. Por exemplo, uma auditoria do Tribunal de Contas (TdC) ao Serviço Nacional de Saúde revelou que a dívida a fornecedores e credores totalizou 2,9 mil milhões de euros em 2017, o que representa um agravamento de 51,6% face a 2014.
Segundo o Tribunal de Contas, este aumento surge depois da redução de 6,1% do fluxo financeiro do Estado para o SNS, em cerca de 1,6 mil milhões de euros, no triénio 2015-2017 face ao triénio anterior (2012-2014), tendo passado de 26,3 mil milhões de euros para 24,7 mil milhões.
EMPRESAS COMPRARAM 100 MILHÕES DE EUROS DE DÍVIDAS DOS HOSPITAIS