Correio da Manha

Orme sentada para fugir a marido violento

TRIBUNAL r Ex- inspetor tributário condenado por violência doméstica FUGA r Mulher obrigada a deixar a casa depois de 38 anos de maus-tratos. Ganha 500 euros de reforma e paga 280 de renda

- SÉRGIO A. VITORINO

Um dia, chegou a casa e a mulher tinha desapareci­do. Faltavam roupas no armário e 20 mil euros numa conta conjunta. Fez queixa na PSP e no Ministério Público. Dois anos depois, o inspetor tributário na reforma foi condenado a uma pena suspensa de dois anos e oito meses por violência doméstica. Tem de pagar uma indemnizaç­ão de 3500 euros e não se pode aproximar da vítima, a mulher. A sentença foi proferida pelo tribunal do Seixal em abril de 2018 e confirmada pela Relação de Lisboa. Põe fim a 38 anos de maus-tratos. A

AGRESSOR DORMIA COM UMA PISTOLA NA MESA DE CABECEIRA

mulher tinha tanto medo que o marido lhe fizesse mal que dormia sentada, encostada à cabeceira da cama, com as suas coisas mais importante­s por perto.

Desde o início do casamento, em 1978, que a mulher, agora com 67 anos, era maltratada física e psicologic­amente, situação que se agravou quando o marido se reformou. O homem, que tem 64 anos, impunha a sua vontade e fazia o quotidiano decorrer como ele queria. Controlava todos os movimentos da mulher, não gostava que ela visitasse familiares nem que saísse com amigas. Questionav­a, por exemplo, porque é que ela se levantava mais cedo do que ele, seguia-a quando ela saía de casa e até a fotografav­a às escondidas. Chamava-lhe nomes e ameaçava-a de morte.

Quando o marido começou a dormir com uma pistola na mesa de cabeceira, a mulher decidiu sair de casa. Com uma reforma de 500 euros e a pagar 280 de renda enfrentou o divórcio litigioso e o julgamento por maus-tratos. Vive sozinha e só tem medo que ele descubra onde ela mora e lhe faça mal.

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