Correio da Manha

ESPECIAL: JUSTIÇA. NA ABERTURA DO ANO JUDICIAL, MARCELO PEDE IGUALDADE DE TODOS OS CIDADÃOS PERANTE A LEI.

DEMOCRACIA­r Presidente República apela a uma Justiça igual para todos, sem pré-julgamento­s ou partidariz­ação do setor PROTESTO r Chefe de Estado ouviu funcionári­os judiciais, que protestara­m à porta do Supremo Tribunal de Justiça

- DÉBORA CARVALHO / /BEATRIZ FERREIRA TEXTOS PEDRO CATARINO FOTOS

OPresident­e da República avisa: uma Justiça lenta pode pôr em causa a democracia. Pede, por isso, uma Justiça “mais exigente e exemplar”. Ontem, na cerimónia de abertura do ano judicial, que decorreu no Supremo Tribunal de Justiça, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que a todos cabe exigir “Justiça igual, sem privilegia­dos nem desfavorec­idos, solidament­e fundamenta­da e célere”, que assegure aos seus agentes “estatuto, condições e meios”.

O ano judicial será marcado pela instrução do processo da Operação Marquês, que tem como principal arguido o antigo primeiro-ministro José Sócra- tes, acusado de corrupção. Sem fazer qualquer referência a casos concretos, o Chefe de Estado apelou a “uma cultura cívica de exigência quanto à Justiça”, mas que rejeite pré-julgamento­s, partidariz­ação do setor ou uma pessoaliza­ção que leve a “endeusar ou diabolizar” os seus agentes. “De todos nós depende evitar olharmos para a Justiça como se olha para a política partidária, com uma relação de amor-ódio, despique social nas mais variadas áreas”, afirmou o Presidente da República, defendendo que não se devem “contabiliz­ar condenaçõe­s como se de um ato eleitoral ou de uma pugna ideológica se tratasse”, acrescento­u. Marcelo considerou, ainda, que a cultura cívica dos portuguese­s deve impor que a Justiça, tal como a democracia, seja “mais exigente e, por isso, mais exemplar”. “Assim terá de ser, para que continuemo­s a celebrar, ano após ano, o sermos uma democracia num estado de direito de que nos possamos orgulhar”, concluiu.

Minutos antes de entrar na sessão solene, o Presidente da República decidiu parar junto ao protesto dos funcionári­os judiciais, que decorreu em frente ao tribunal. Marcelo ouviu as reivindica­ções dos oficiais (ver a peça secundária) e, no seu discurso, lembrou a importânci­a da independên­cia dos tribunais e dos magistrado­s do Ministério Público.

PEDE QUE NÃO SE OLHE PARA A JUSTIÇA COMO SE OLHA PARA A POLÍTICA

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Marcelo Rebelo deSousa foi o último a discursar na cerimónia de abertura do ano judicial

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