Ataque na Justiça força operação
INVESTIGAÇÃOr Segredos da Justiça e conversas de ex-governantes como Mexia e Pinho aceleraram captura de hacker ENTENDIMENTO r Ministério Público não deu prioridade à operação numa primeira fase, mas agora agiu de forma diferente
Oataque aos advogados - e aos segredos da Justiça e de ex-governantes como António Mexia e Manuel Pinho, envolvidos no processo EDP - forçou a operação das autoridades. O Ministério Público, que num primeiro momento não deu prioridade à operação, teve agora um entendimento diferente. Defendeu a emissão de mandados e deu cobertura à intenção da Polícia Judiciária de avançar para a prisão de Rui Pinto.
A entrada nos servidores dos advogados mostrou também outra evidência. Não poderia mesmo ter sido alguém do Benfica a vender os mails a terceiros. O ataque, conforme sempre garantiram os encarnados, veio de fora.
Rui Pinto foi desde a primeira hora o principal suspeito. É um génio da informática e do crime. Primeiro no Fo o tb all Leaks e depois num blog. Num at aque aos encarnados, sem precedentes, foram reveladas conversas privadas entre dirigentes, incluído o presidente Luís Filipe Vieira, negócios e contratos de jogadores e até informações confidenciais de processos judiciais. A ‘guerra’ às águias co- meçou a 11 de abril de 2017, quando Francisco J. Marques, diretor de comunicação do FC Porto, começou a revelar no Porto Canal o conteúdo de ale- gados mails do Benfica. O caso chegou ao Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa.
No meio disto tudo, os encar- nados têm gasto milhões de euros em advogados e em ações judiciais, como a ação cível que foi interposta nos Estados Unidos contra a Google.
Há ainda uma empresa de cibersegurança e um escritório de advogados em Moscovo a ajudar na investigação interna do clube. Foi o ataque deste hacker que acabou por empurrar o clube para uma grave crise.
Para já, os três advogados contratados pelo Benfica - Rui Patrício, João Medeiros e Paulo Saragoça da Matta - conseguiram ilibar a Benfica SAD na instrução do E-Toupeira, processo que teve origem no caso dos mails.