BREXIT THERESA MAY SOBREVIVE AMOÇÃO DE CENSURA
IMPASSE r Primeira- ministra convida oposição a negociar, mas partidos exigem que governo afaste primeiro possibilidade de saída sem acordo
Aprimeira-ministra britânica Theresa May sobreviveu ontem à moção de censura apresentada pela oposição trabalhista, mas o Reino Unido não parece estar mais perto de uma solução para a crise aberta pela rejeição do acordo do Brexit pelo Parlamento, na terça-feira.
A moção de censura foi rejeitada por uma margem de 19 votos - 306 deputados votaram a favor da demissão de May, perante 325 que votaram contra a moção. Um cenário bem diferente da véspera, quando o acordo do Brexit foi chumbado por uma esmagadora maioria de 432-202.
19 VOTOS SALVAM PRIMEIRA-MINISTRA DE DEMISSÃO FORÇADA “ELEIÇÕES AGORA SERIA A PIOR COISA QUE PODÍAMOS FAZER. SÓ IA SERVIR PARA AUMENTAR AINDA MAIS AS DIVISÕES QUANDO PRECISAMOS
É DE UNIÃO”
THERESA MAY,
PRIMEIRA-MINISTRA BRITÂNICA “SE O GOVERNO NÃO CONSEGUE FAZER APROVAR A SUA LEGISLAÇÃO NO PARLAMENTO, É UM GOVERNO ZOMBIE”
JEREMY CORBYN,
LÍDER DO PARTIDO TRABALHISTA “SE HOUVER UM SEGUNDO REFERENDO, HAVERÁ UMA MAIORIA AINDA MAIOR A FAVOR DA SAÍDA”
NIGEL FARAGE,
EX-LÍDER DO UKIP “A PRIMEIRA COISA QUE THERESA MAY DEVE FAZER É ADIAR A DATA DO BREXIT”
NICOLA STURGEON,
LÍDER DOS NACIONALISTAS ESCOCESES
May agradeceu a confiança do Parlamento e procurou de imediato tomar a iniciativa, convidando os líderes de todos os partidos para negociações com vista a alcançar um consenso sobre o Brexit, mas o convite foi prontamente rejeitado pela oposição. Jeremy Corbyn, do Partido Trabalhista, e Ed Davey, dos Liberais-Democratas, garantiram que só tencionam sentar-se à mesa das negociações com May se a primeira-ministra rejeitar de antemão a possibilidade de um Brexit sem acordo. Já a líder nacionalista escocesa, Nicola Sturgeon, foi mais longe e exigiu como pré- c o ndiç ão p ar a ne go c iar o adiamento do Brexit e a realização de um segundo referendo sobre a saída do Reino Unido da União Europeia, opção que parece ganhar cada vez mais força entre alguns setores do Partido Trabalhista (ver caixa).
O governo já garantiu que não tenciona retirar da mesa a possibilidade de uma saída sem acordo, tornando impossível qualquer entendimento com a oposição. Recorde-se que May prometeu voltar ao Parlamento na segunda-feira com uma versão alternativa do acordo, mas perante o atual impasse, arrisca uma nova derrota.