Duas agendas
Agenda cheia”,uma das queixas mais frequentes em pessoas com muita atividade. É o (falso?) problema do tempo de que tanto nos queixamos. Ele, coitado, nunca se queixa. Dizemos que ele é curto e limitado. Não conseguimos harmonizar o possível com o impossível. Estamos perante encargos (?) que assumimos no âmbito pessoal, familiar, social ou mesmo pastoral. Por motivos frequentemente escondidos. Por vezes apetece fugir para o deserto mas mesmo aí podemos preencher a agenda de vazios, sem espaço para a emoção, e a alegria - o melhor que o nosso coração pode desejar. Até o amor perde o norte. Vamos percebendo que não se trata apenas de saber organizar as nossas horas mas de arrumar a nossa mente, o coração, de forma a não nos perdermos no vácuo das inutilidades. Podemos tomar como exemplo o gesto de olharmos para o relógio perto das 13 ou das 20 horas para sabermos, pelo telejornal, como vai o cosmos. Ilusão. Há vá- rios canais de comunicação mas parece que só nos sentimos testemunhas se os nossos olhos tocarem a realidade dos factos.
Temos o mundo na mão e até damos um contributo ao menear a cabeça face às graças e desgraças que desfilam no nosso ecrã afetivo. A notícia dura pouco e cada plano sobrevive míseros segundos. Mas isso dános alento e atrevimento para contarmos ao nosso vizinho, com ar sábio, o que acabámos de descobrir na nossa galáxia. É bom que nos cheguem notícias e perante nós desfilem as imagens. Mas temos de fugir de dois lapsos: a convicção de que estamos informados e que o mundo nos revelou os seus melhores segredos. E vamos inchando. Passamos à expectativa do acontecimento seguinte. Se for uma tragédia terá em nós o crítico severo. Se for uma banalidade facilmente será sufocada por um acontecimento mercantil. A tudo isto resta juntar a alegria. Que não seja expulsa do terreno que nos dá frescura e horizonte em cada passo da nossa vida. É insubstituível.
NÃO SE TRATA APENAS
DE SABER ORGANIZAR
AS NOSSAS HORAS MAS DE ARRUMAR A
NOSSA MENTE