Entre extremos
EXTREMISMOS
NUNCA SÃO
BONS, VENHAM LÁ DE ONDE
VIEREM
As eleições do último domingo em Espanha vieram mostrar-nos um país politicamente mais dividido e cada vez menos moderado. À direita, o Partido Popular viu drasticamente reduzida a sua influência, tendo sido incapaz de conter a barreira do extremismo que levou o novo partido ultra-nacionalista Vox a conquistar mais de 10% dos votos e 24 lugares no parlamento. O partido socialista espanhol foi o vencedor indiscutível, mas sem a maioria absoluta que lhe permitiria governar sem a necessidade de se entender com terceiros. Pedro Sanchéz não tem, por isso, a tarefa facilitada. O cenário de um governo minoritário que procurará os entendimentos necessários no parlamento, de certa forma à imagem da geringonça de Costa que Sanchéz tanto elogia, parece estar a ganhar terreno. Mas mesmo que para certas matérias o governo do PSOE acabe por ir buscar o apoio ao centro (nomeadamente aos Ciudadanos, de Rivera), em grande parte das políticas é de
esperar que Sanchéz se veja tentado – ou obrigado – a alinhar o seu discurso com o da extrema-esquerda do Podemos. Assim, à semelhança do que já vinha acontecendo um pouco por toda a Europa, também os extremos crescem e se tentam consolidar no nosso país vizinho, a que acresce o tempero das questões independentistas. E isso devia preocupar-nos. Porque o diálogo entre os extremos, mesmo quando estes se tocam, é extremamente difícil, senão impossível. Os danos para um país vêm justamente quando os grandes consensos são impossíveis de atingir. Uma coisa é certa, porém: para mim é tão preocupante ver agora a extrema-direita do Vox sentar-se no parlamento espanhol como o foi, em 2015, ver a extrema-esquerda do Podemos a fazer o mesmo. Extremismos nunca são bons, venham lá de onde vierem – ainda que os de esquerda sejam, histórica e socialmente, mais tolerados e às vezes até acarinhados. Vá lá saber-se porquê.