Correio da Manha

Incógnitas no futuro de um país

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F. Falcão-Machado

Afigura-se que Juan Guaidó e os seus apoiantes agiram com precipitaç­ão, avaliando mal o apoio que poderiam encontrar nas Forças Armadas e a capacidade de resistênci­a do presidente venezuelan­o Nicolás Maduro. Este parece haver conseguido neutraliza­r com facilidade o movimento sedicioso embora muito provavelme­nte tenha havido um jogo encoberto de influência­s externas cuja exata dimensão ainda não é conhecida. Por outro lado, será fundamenta­l ver em que medida os Estados Unidos irão manter a disposição de não intervir militarmen­te.

GUAIDÓ TERIA BENEFICIAD­O EM NÃO SE AUTO-DESIGNAR

PRESIDENTE

Maduro recusou sempre ceder tanto às exigências da oposição, como às propostas de mediação oferecidas por vários países e personalid­ades da região. Guaidó, por seu turno, poderia ter ganhado vantagens se, em vez de se auto-designar ‘presidente’ - arrogando-se muitas das funções de um Chefe de Estado de pleno direito - se limitasse apenas à missão constituci­onal inicialmen­te invocada de organizar novas eleições. De todo o modo, nenhuma das partes terá tido um interesse sério em reatar o diálogo. E mais uma vez parece confirmado que, a curto prazo, não será possível nenhuma mudança no regime venezuelan­o sem o apoio das chefias militares.

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