SINDICATO GREVISTA DESAFIA ASSOCIAÇÃO PATRONAL PARA NEGOCIAÇÕES
AVEIRAS DE CIMA Um dos motoristas chegou a casa e tinha dois GNR à espera para o identificarem e levarem até ao posto de trabalho. Foi ameaçado com detenção DEPOIMENTO “Estou revoltado mas tenho que ir”, admitiu Aníbal Cartaxo
Quatro motoristas foram ontem surpreendidos por elementos da GNR que os identificaram e ameaçaram com prisão caso não os acompanhassem ao local de trabalho e iniciassem os serviços para os quais estavam escalados. Entretanto, os grevistas desafiaram os patrões a voltar hoje à mesa das negociações.
A denúncia das detenções foi feita pelo Sindicato dos Motoristas e Matérias Perigosas e depois confirmadas pela GNR, que assumiu “foram quatro os trabalhadores notificados de que a sua não comparência no local de trabalho constituía a
prática do crime de desobediência”. A GNR assegura que não houve detenções e que os trabalhadores “decidiram voluntariamente cumprir o serviço para o qual estavam nomeados”, mas os motoristas desmentem.
O Correio da Manhã e a CMTV presenciaram o momento em que três funcionários de uma transportadora chegaram às instalações da empresa acompanhados de militares da GNR para se apresentarem ao serviço. Aníbal Cartaxo, um desses condutores, quando iniciava já a marcha, descreveu os momentos anteriores: “Foi simples. Já lá estavam em casa dois agentes da investigação criminal da GNR. Disseram-me que se eu não viesse ficava detido.” Aníbal Cartaxo confirmou ter assinado a notificação e ter sido levado às instalações da empresa pelas forças de segurança .“Aempres adisse-me que tinha de fazer os serviços mínimos ”, acrescentou. O motorista ia abastecer três postos da rede de emergência REPA. O sindicalista Pedro Pardal Henriques afirmou aos jornalistas ter visto uma lista com cerca de 50 pessoas para identificar.
Pardal Henriques endereçou também um convite à ANTRAM para uma reunião hoje, no Ministério do Trabalho. O desafio surgiu no mesmo dia em que a Fectrans reuniu com o patronato num encontro em que foi concluído um “documento de trabalho”, que resultou do acordo atingido entre as duas partes.
Ao final da tarde de ontem, o Ministério do Ambiente fez um balanço do 3º dia de greve, excluindo o alargamento da requisição civil pois os serviços mínimos “foram genericamente cumpridos”.
PARDAL HENRIQUES DISSE QUE QUER REUNIR-SE PARA VOLTAR À NEGOCIAÇÃO