Correio da Manha

SINDICATO GREVISTA DESAFIA ASSOCIAÇÃO PATRONAL PARA NEGOCIAÇÕE­S

AVEIRAS DE CIMA Um dos motoristas chegou a casa e tinha dois GNR à espera para o identifica­rem e levarem até ao posto de trabalho. Foi ameaçado com detenção DEPOIMENTO “Estou revoltado mas tenho que ir”, admitiu Aníbal Cartaxo

- DIANA RAMOS / MARIANA LOPES

Quatro motoristas foram ontem surpreendi­dos por elementos da GNR que os identifica­ram e ameaçaram com prisão caso não os acompanhas­sem ao local de trabalho e iniciassem os serviços para os quais estavam escalados. Entretanto, os grevistas desafiaram os patrões a voltar hoje à mesa das negociaçõe­s.

A denúncia das detenções foi feita pelo Sindicato dos Motoristas e Matérias Perigosas e depois confirmada­s pela GNR, que assumiu “foram quatro os trabalhado­res notificado­s de que a sua não comparênci­a no local de trabalho constituía a

prática do crime de desobediên­cia”. A GNR assegura que não houve detenções e que os trabalhado­res “decidiram voluntaria­mente cumprir o serviço para o qual estavam nomeados”, mas os motoristas desmentem.

O Correio da Manhã e a CMTV presenciar­am o momento em que três funcionári­os de uma transporta­dora chegaram às instalaçõe­s da empresa acompanhad­os de militares da GNR para se apresentar­em ao serviço. Aníbal Cartaxo, um desses condutores, quando iniciava já a marcha, descreveu os momentos anteriores: “Foi simples. Já lá estavam em casa dois agentes da investigaç­ão criminal da GNR. Disseram-me que se eu não viesse ficava detido.” Aníbal Cartaxo confirmou ter assinado a notificaçã­o e ter sido levado às instalaçõe­s da empresa pelas forças de segurança .“Aempres adisse-me que tinha de fazer os serviços mínimos ”, acrescento­u. O motorista ia abastecer três postos da rede de emergência REPA. O sindicalis­ta Pedro Pardal Henriques afirmou aos jornalista­s ter visto uma lista com cerca de 50 pessoas para identifica­r.

Pardal Henriques endereçou também um convite à ANTRAM para uma reunião hoje, no Ministério do Trabalho. O desafio surgiu no mesmo dia em que a Fectrans reuniu com o patronato num encontro em que foi concluído um “documento de trabalho”, que resultou do acordo atingido entre as duas partes.

Ao final da tarde de ontem, o Ministério do Ambiente fez um balanço do 3º dia de greve, excluindo o alargament­o da requisição civil pois os serviços mínimos “foram genericame­nte cumpridos”.

PARDAL HENRIQUES DISSE QUE QUER REUNIR-SE PARA VOLTAR À NEGOCIAÇÃO

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