Correio da Manha

A luta descontinu­a

- Luís Campos Ferreira Gestor TEXTO ESCRITO COM A ANTIGA GRAFIA

Eram outros os tempos quando, em Dezembro de 2014, o governo de Pedro Passos Coelho decretou a requisição civil (a única nessa legislatur­a) para fazer face à greve dos trabalhado­res da TAP. Nessa altura, o PS não se fez rogado a criticar a incapacida­de do governo para evitar aquela situação, o PCP veio a terreiro para acusar a medida “antidemocr­ática e demagógica” e o Bloco de Esquerda chamou o então ministro da Economia ao parlamento com carácter de urgência. Nesses tempos, ainda valia o velho lema de que “a luta continua”. Pois bem, o governo de António Costa já vai na terceira requisição civil e o mínimo que se pode dizer é que agora “a luta descontinu­a”. Por estes dias, para além das ondas de desinforma­ção, contra-informação, ameaças, queixas, denúncias e chantagens que de um lado e de outro se agitam, ouve-se falar de multas, de despedimen­tos e até de prisão para os trabalhado­res grevistas e incumprido­res dos serviços mínimos. É todo um outro pa

tamar de confrontaç­ão e de descontrol­o, a que nem nos piores dias de tumulto laboral e social que marcaram o tempo da troika se assistiu. Mas os tempos são agora, de facto, outros. E por isso apenas uma suave brisa de indignação sobressalt­a hoje o pessoal de esquerda perante a ameaça das multas, despedimen­tos e prisão de trabalhado­res que os ministros socialista­s, em magote ou à vez, não se têm cansado de brandir. Alguma coisa mudou. Os trabalhado­res, garantidam­ente, não mudaram, pois o que estes reivindica­m agora é o mesmo que todos os trabalhado­res reivindica­m desde que o mundo é mundo e as greves são greves. Portanto, e por exclusão de partes, só me ocorrem duas possibilid­ades. Por um lado, mudou o facto destes sindicatos dos motoristas não estarem sob a batuta da CGTP. E, por outro, mudou o facto de o PCP e o BE fazerem agora parte integrante da solução de governo do Dr. Costa. A luta, essa, segue dentro de momentos.

APENAS UMA SUAVE BRISA DE INDIGNAÇÃO SOBRESSALT­A HOJE O PESSOAL DE ESQUERDA

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