O ataque de Lourenço ao clã do antigo presidente
u As reformas do novo presidente angolano, João Lourenço, criaram desconforto na família do antecessor e por boas razões. Em 2018 José Filomeno dos Santos foi detido por corrupção (sendo libertado este ano, após seis meses de cadeia), Isabel dos Santos foi exonerada da Sonangol e José Eduardo Paulino e Welwitschea ‘Tchizé’ dos Santos perderam contratos lucrativos com a TV pública.
Isabel dos Santos tem sido das mais críticas relativamente ao novo rumo da governação angolana. No final de 2018 acusou Lourenço de ser responsável por “uma situação cada vez mais tensa, com a possibilidade de se juntar à crise económica existente, uma crise política profunda”. O que levou o presidente a responder-lhe que “não haverá instabilidade em Angola”.
A tensão tinha começado a ser manifestada por Eduardo dos Santos, homem que transmitiu o poder a Lourenço, cedendo-lhe, primeiro, a liderança do MPLA e depois a chefia do Estado. Incomodado com críticas “à passagem da pasta”, o ex-presidente assegurou não ter deixado os cofres públicos vazios. Que a tensão entre os dois se mantém, atesta-o o facto de, já este ano, quando em abril partiu para Barcelona para tratamentos médicos, ter escolhido um voo da TAP e não da companhia aérea angolana TAAG.
Há ainda outros sinais de desconforto e de receio de represálias, como a ausência de Isabel dos Santos e ‘Tchizé’, que praticamente abandonaram Angola. Isabel dos Santos vive a maior parte do tempo em Inglaterra, onde estudou e onde, como agora veio a público, comprou uma mansão luxuosa numa zona privilegiada de Londres.
Uma das medidas mediáticas, e também das mais incómodas de Lourenço, desde logo para o clã dos Santos, é a campanha de repatriação de capitais, que visa travar uma sangria que custou milhares de milhões aos cofres do Estado angolano.
EDUARDO DOS SANTOS
E A FILHA ISABEL TÊM SIDO OS MAIS DUROS CRÍTICOS