Mais do mesmo
OOrçamento do Estado para 2020 foi apresentado há dois dias, não foi ainda votado nem sequer discutido e, no entanto, já parece uma coisa passada, sem história. Sem história e, já agora, sem futuro, porque não se consegue vislumbrar nele qualquer mola que dê ao País o impulso de que ele desesperadamente precisa para os próximos anos. Não por acaso, o primeiro-ministro disse que este é o “orçamento da continuidade”, uma forma de dizer que é mais do mesmo. E é, sobretudo nas partes negativas. Mas já lá vamos. Falemos primeiro de Mário Centeno que, na apresentação do OE, não conseguiu reprimir a soberba de quem se sente um galáctico das finanças (apesar de, entre os seus, estar a passar de bestial a besta). Na sua boca, tudo neste orçamento é histórico, é recorde, é inédito, é superlativo. Logo a abrir disse que “nunca antes, em democracia, um Orçamento do Estado foi feito em tão pouco tempo”. Viu-se no que deu esse recorde: o OE apresentado estava pejado de gralhas, de incongruências e de números errados, a tal ponto que teve de ser todo substituído. É a mesma lógica que Centeno usa para dizer que em quatro anos nunca apresentou um orçamento rectificativo. Pois não. Mas qualquer semelhança entre os orçamentos apresentados e as suas execuções efectivas é pura coincidência. De seguida, repetiu à exaustão que este OE é histórico porque pela primeira vez apresenta um excedente orçamental. É verdade. Mas a verdade completa veio depois, quando o mesmo Centeno disse que “quem paga o excedente orçamental são os contribuintes”. Pagam e a que preço! Com a carga fiscal mais alta de sempre e que vai ser ainda mais elevada para o ano, com os serviços públicos num estado lastimoso, com a falta de investimento público, com cativações e outros subterfúgios orçamentais que permitem fazer o “número” mas que não passam disso. Mais do mesmo, portanto.
ENTRE OS SEUS PARES, MÁRIO CENTENO ESTÁ A PASSAR DE BESTIAL A BESTA