Correio da Manha

VISTOS DE PORTUGAL VENDIDOS A IRANIANOS

Documentos traficados na Guiné-Bissau

- JOÃO CARLOS RODRIGUES NOTÍCIA EXCLUSIVA DA EDIÇÃO EM PAPEL

Os alarmes soaram na Alemanha há um ano quando sete iranianos foram apanhados no aeroporto de Frankfurt com vistos portuguese­s nos passaporte­s, que levantaram suspeitas. A informação foi enviada para o Serviço de Estrangeir­os e Fronteiras (SEF), que abriu uma investigaç­ão que culminou no sábado com a detenção, em Lisboa, de um funcionári­o da secção consular da Embaixada de Portugal em Bissau. É suspeito de ter ‘vendido’, desde 2012, mais de 200 vistos a troco de dinheiro.

Segundo o CM apurou, trata-se de um homem de 40 anos, com dupla nacionalid­ade, que foi preso no sábado, depois de chegar a Portugal para passar as férias de Natal. Ficou detido nos calabouços da PSP de Lisboa e será hoje presente a tribunal.

De acordo com o SEF, a investigaç­ão permitiu desmantela­r uma rede criminosa que se dedicava ao auxílio à imigração ilegal, mas cuja dimensão ainda não está totalmente apurada. No inquérito, tutelado pelo Departamen­to de Investigaç­ão e Ação Penal de Lisboa e que contou com “a estreita colaboraçã­o do Ministério dos Negócios Estrangeir­os”, ficou demonstrad­o que o funcionári­o consular era o responsáve­l pelo processame­nto dos vistos e que aproveitou essa função para se “apoderar de vinhetas em branco que vendia a outros indivíduos que pretendiam entrar em Espaço Schengen”. O esquema passava por simular informatic­amente a emissão de vinhetas referentes a pedidos de vistos de cidadãos guineenses, que eram anuladas logo de seguida, ainda em branco. A seguir, o funcionári­o consular emitia novas vinhetas a favor dos requerente­s locais e apoderava-se das vinhetas anuladas, ainda por preencher, que comerciali­zava a troco de avultadas quantias monetárias.

Na prática eram vistos genuínos emitidos por uma embaixada portuguesa que permitiam a qual quer pes s o a e nt r a r e m território europeu. Até agora foram detetadas 209 vinhetas processada­s pelo suspeito que desaparece­ram e sobre as quais subsistem fortes indícios de que tenham sido vendidas.

FUNCIONÁRI­O FOI PRESO EM LISBOA, ONDE ESTAVA PARA FÉRIAS DE NATAL

SIMULAVA EMISSÃO DE VISTOS PARA GUINEENSES E DEPOIS ANULAVA-OS

VISTOS ERAM GENUÍNOS E PERMITIAM A ENTRADA NO ESPAÇO SCHENGEN

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