VISTOS DE PORTUGAL VENDIDOS A IRANIANOS
Documentos traficados na Guiné-Bissau
Os alarmes soaram na Alemanha há um ano quando sete iranianos foram apanhados no aeroporto de Frankfurt com vistos portugueses nos passaportes, que levantaram suspeitas. A informação foi enviada para o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), que abriu uma investigação que culminou no sábado com a detenção, em Lisboa, de um funcionário da secção consular da Embaixada de Portugal em Bissau. É suspeito de ter ‘vendido’, desde 2012, mais de 200 vistos a troco de dinheiro.
Segundo o CM apurou, trata-se de um homem de 40 anos, com dupla nacionalidade, que foi preso no sábado, depois de chegar a Portugal para passar as férias de Natal. Ficou detido nos calabouços da PSP de Lisboa e será hoje presente a tribunal.
De acordo com o SEF, a investigação permitiu desmantelar uma rede criminosa que se dedicava ao auxílio à imigração ilegal, mas cuja dimensão ainda não está totalmente apurada. No inquérito, tutelado pelo Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa e que contou com “a estreita colaboração do Ministério dos Negócios Estrangeiros”, ficou demonstrado que o funcionário consular era o responsável pelo processamento dos vistos e que aproveitou essa função para se “apoderar de vinhetas em branco que vendia a outros indivíduos que pretendiam entrar em Espaço Schengen”. O esquema passava por simular informaticamente a emissão de vinhetas referentes a pedidos de vistos de cidadãos guineenses, que eram anuladas logo de seguida, ainda em branco. A seguir, o funcionário consular emitia novas vinhetas a favor dos requerentes locais e apoderava-se das vinhetas anuladas, ainda por preencher, que comercializava a troco de avultadas quantias monetárias.
Na prática eram vistos genuínos emitidos por uma embaixada portuguesa que permitiam a qual quer pes s o a e nt r a r e m território europeu. Até agora foram detetadas 209 vinhetas processadas pelo suspeito que desapareceram e sobre as quais subsistem fortes indícios de que tenham sido vendidas.
FUNCIONÁRIO FOI PRESO EM LISBOA, ONDE ESTAVA PARA FÉRIAS DE NATAL
SIMULAVA EMISSÃO DE VISTOS PARA GUINEENSES E DEPOIS ANULAVA-OS
VISTOS ERAM GENUÍNOS E PERMITIAM A ENTRADA NO ESPAÇO SCHENGEN