Vamos proteger as crianças?
Agora foram os Legionários de Cristo, uma organização religiosa, com provas dadas na caridade e no voluntariado no mundo inteiro, a serem assolados pelo fantasma da pedofilia. O seu fundador terá abusado sexualmente de dezenas de crianças, inclusivamente de filhos seus. Um horror incompreensível. Na Austrália, o Cardeal George Pell está a cumprir pena por crimes sexuais contra menores e ainda há poucos dias uma megaoperação da Europol permitiu desmantelar uma grotesca e gigantesca rede de pedofilia que atuava sobretudo através do WhatsApp. Em Portugal, correm nos tribunais dois caricatos processos em que homens são acusados de vários milhares de crimes de abuso sexual e pornografia de menores.
No meio de tudo isto, as vítimas são as primeiras a ser esquecidas. Primeiro é o espetáculo das detenções, depois os julgamentos à porta fechada e por fim os direitos dos arguidos à sua dignidade e integridade. Ninguém, a começar pelo Estado, pensa verdadeiramente nas vítimas.
Durante anos, quer a Igreja Católica (como agora é reconhecido pelo Papa e pelo atual Patriarca de Lisboa), quer os diversos Estados e Organizações Internacionais preferiram fechar os olhos ao problema. Era melhor, sempre foi mais fácil, manter o status quo. As vítimas acabam por se afastar, por ser silenciadas ou morrer.
Relativamente a este assunto, qualquer atitude que não seja a guerra impiedosa e sem tréguas à pedofilia e à pornografia de menores é deixar que o mal continue a prevalecer sobre o bem. É sermos responsáveis por centenas de milhares de vidas perdidas.