AZEREDO CONFIRMA FARSA DE TANCOS
INTERROGATÓRIO Azeredo Lopes soube que a recuperação das armas tinha sido forjada, mas entendeu que não devia denunciar DEFESA Alega que não tem estatuto de funcionário público
Azeredo Lopes teve conhecimento da encenação da recuperação das armas de Tancos, mas não a denunciou às autoridades. O ex-ministro reconheceu-o ontem, perante o juiz Carlos Alexandre, quando disse que foi efetivamente informado de que a chamada telefónica feita para a PJM a dar conta da localização das armas tinha sido forjada. Azeredo sabia-o, mas também disse que não tinha a obrigação de o denunciar. O ex-ministro escuda-se numa questão legal: entende que não tinha o estatuto de funcionário público; enquanto o seu advogado, Germano Marques da Silva, admitiu à saída que pudesse apenas tratar-se de uma questão ‘disciplinar’ - a encenação - a tratar dentro do Ministério da Defesa.
Num longo interrogatório, que durou mais de sete horas, houve mesmo vários momentos de tensão. Azeredo Lopes foi dando explicações mais ou menos detalhadas, que nem sempre coincidiam com o que já tinha sido dito pelo restantes arguidos. “Pensei que ia desempatar. Estou perplexo”, chegou mesmo a afirmar Carlos Alexandre, perante versões novas agora avançadas pelos ex-governante.
À entrada e à saída, Azeredo Lopes nada disse, nem tão pouco esclareceu se informou António Costa da mentira. Na sala de audiências disse que não - que não deu a conhecer ao primeiro-ministro os contornos da operação. Disse depois que não se recordava se teve uma conversa telefónica com o coronel Luís Vieira, no dia em que este e Brazão foram ao seu gabinete, logo após a recuperação das armas de guerra.
GARANTIU QUE NUNCA CONTOU A COSTA A ENCENAÇÃO MILITAR