Correio da Manha

Cancro – um combate europeu

- STELLA KYRIAKIDES COMISSÁRIA DA SAÚDE E SEGURANÇA DOS ALIMENTOS

SE NÃO TOMARMOS MEDIDAS, OS CASOS NA UE VÃO DUPLICAR ATÉ 2035

TEMOS DE MELHORAR A PREVENÇÃO E O DIAGNÓSTIC­O DE CANCRO

Na Europa, todos os dias são diagnostic­ados novos casos de cancro. Todos os dias, os doentes, as famílias e amigos lidam com as emoções que o acompanham: incerteza, choque, tristeza, raiva ou desespero.

O cancro é uma doença grave que afetará 40% dos cidadãos da UE e mata anualmente, em Portugal, 27 000 pessoas. Se não tomarmos medidas, os casos na UE vão duplicar até 2035 e o seu fardo nas famílias, nos sistemas sociais e de saúde e nas economias aumentará.

Como comissária europeia da Saúde e Segurança dos Alimentos, reduzir o sofrimento provocado pelo cancro está no topo das minhas prioridade­s. Esta luta é uma prioridade para os nossos cidadãos, bem como para a Comissão von der Leyen. A esperança depositada em nós é grande e estamos determinad­os a ser mais ousados e a alcançar melhores resultados.

Para mim, há apenas uma forma eficaz de lutar contra o cancro: unir as nossas forças, dos decisores políticos aos profission­ais de saúde, dos representa­ntes dos doentes à indústria e, sobretudo, dos cidadãos. Até 40% dos casos de cancro são evitáveis: as possibilid­ades de salvar vidas são muitas.

É esta capacidade coletiva e este potencial de ação que quero mobilizar com o futuro plano europeu de luta contra o cancro. Esta é uma doença complexa e temos de atender a todas as suas dimensões, desde o que comemos até à acessibili­dade dos medicament­os, aos cuidados adequados, à tecnologia e à colaboraçã­o de setores à margem da saúde, incluindo o ensino, o ambiente, a agricultur­a e a investigaç­ão.

O plano europeu de luta contra o cancro inclui medidas em todas as fases: da prevenção à deteção, ao tratamento, à cura e aos cuidados paliativos.

Temos de melhorar a prevenção e o diagnóstic­o do cancro. É sempre preferível prevenir. Promover vidas saudáveis — comer melhor, fazer mais exercício, beber menos álcool e não fumar —, uma melhor cobertura da vacinação e, por exemplo, uma melhor qualidade do ar, reduz o número de cancros.

Entender a importânci­a do rastreio e do diagnóstic­o precoce permite salvar ainda mais vidas. Para tal, recomendam­os que todos os Estados-Membros tenham programas nacionais de rastreio certificad­os.

Embora a prioridade seja prevenir, temos de garantir que os doentes e as suas famílias recebem o apoio e os cuidados necessário­s. Isto inclui o direito fundamenta­l de igualdade no acesso à medicina e a tratamento­s inovadores.

Porém, a saga do cancro não termina com o fim dos tratamento­s. Os que sobrevivem merecem que as suas vidas recuperem estrutura e segurança.

Temos de reunir as diferentes peças deste imenso quebra-cabeças. Damos hoje o primeiro passo deste combate comum. Aguardo com expectativ­a as ideias dos portuguese­s e o trabalho com as autoridade­s portuguesa­s para uma mudança para melhor. Juntos, ousemos mais na luta contra o cancro.

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