Correio da Manha

Guinada à direita

- PAULO FONTE EDITOR DE FECHO

“A Política sem risco é uma chatice e sem ética uma vergonha.” A frase é de Francisco Sá Carneiro, a sempre presente tábua de salvação para qualquer dirigente do PSD que pretenda chegar ao coração dos correligio­nários. Homem da Liberdade, o primeiro presidente social-democrata coraria de vergonha com o namoro entre o partido que fundou e a direita radical. Uma aproximaçã­o ao arrepio da base eleitoral e com todas as condições para deixar Rui Rio atolado num terreno feito de areias movediças.

André Ventura, alavancado pelas sondagens, já dita as suas condições para se poder entender com o PSD. Só aceita conversaçõ­es se Rio fizer oposição “à séria” e deixar de ser “a dama de honor do Governo socialista”. E o líder do maior partido da oposição dá troco: “Não depende do PSD, depende do Chega. Se o Chega evoluir para uma posição mais moderada, eu penso que as coisas se podem entender”, afirmou em entrevista.

Rio anda sem norte, o PSD anda baralhado e não demonstra uma oposição credível a um Governo que navega à vista em direção ao abismo. Faltam propostas, uma linha orientador­a é inexistent­e. E um piscar de olho ao extremismo não é a solução.

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