A geografia do amor
Com que saúde mental sairemos deste casulo viscoso chamado confinamento e desta suspensão da antiga proximidade social? Olho para os miúdos a quem roubaram a escola e assusto-me: interrompemos-lhes o momento da vida em que aprendem a negociar com o outro o conflito ou a amizade. Conseguirão recuperar?
Vejo os adolescentes e lembro-me de descobrirmos, na idade deles, o prazer do toque físico, da peregrina mão na lábil coxa, o prazer sem máscara de beijar, tão devagar, dos olhos à fissura dos lábios. Que geografia do amor será a desta geração “sem toque”? E nós, mais velhos, iremos, firmes no protocolo respiratório, de morte em morte?