Acusações de “farsa” ensombram eleições
LISTA Críticos dizem não haver escolha efetiva face a nomes únicos acordados pelo bloco central SUFRÁGIO Mais de 10 mil autarcas elegem amanhã rostos para as CCDR escolhidos por Costa e Rio
As eleições para as Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) estão a ser marcadas, de norte a sul, por acusações de “farsa” política. Em quatro das cinco regiões, apresenta-se um único candidato por acordo direto entre António Costa e Rui Rio, que dividiram entre PS e PSD os cargos de presidentes e primeiros vice-presidentes. Muitos autarcas alegam que não há verdadeira escolha para quem liderará a gestão dos fundos comunitários. Mais de 10 mil autarcas votam amanhã, pela primeira vez, para eleger os rostos das CCDR.
A denúncia mais recente veio de Rui Moreira que classificou estas eleições como “uma farsa” e apelou mesmo a um boicote. Para o autarca do Porto, a eleição “encobre uma nomeação” e deixa de fora outros agentes que trabalham com as CCDR, como as associações empresariais.
Um das críticas mais usuais é o facto de a eleição acontecer a um ano das Autárquicas, deixando as CCDR de prestar contas a quem as elegeu. “A assembleia que elege não vai fiscalizar depois. As pessoas estarão eleitas e ficarão na dependência funcional do Governo”, defendeu Almeida Henriques, autarca de Viseu. Até porque o Executivo manterá, em exclusivo, o poder de demitir as CCDR.
Mesmo com 24 câmaras, os comunistas viram-se afastados do processo de escolha e há agora várias autarquias a apelar ao voto em branco. A CDU insiste ainda que a escolha para as
CCDR deveria ser definida pela Assembleia da República.
Em Leiria, o deputado municipal centrista Fábio Seguro Joaquim já veio dizer que não vai participar na escolha por ser uma “farsa democrática”. “Farsa” é também a expressão usada pelo autarca de Espinho, Pinto Moreira, que encara a delegação de competências nas regiões como uma “forma dissimulada de fazer a regionalização”, evitando o referendo e as reservas do Presidente da República.
REGIONALIZAÇÃO “DISSIMULADA” É OUTRO DOS ATAQUES NESTE CASO