Natal dos hospitais
Parece que o Natal já não é quando um homem quiser, é quando um vírus quiser. Pelo menos é o que se deduz da vontade do Presidente da República em ‘repensar o Natal’, para evitar contágios familiares. O SARS-CoV-2 pode não ser muito mortífero para as pessoas mas tem sido muito eficaz a matar conversas razoáveis.
Insistamos numa certa ideia, a ver se pega. Um maior número de contágios não só pode não ser um problema como pode ser a melhor maneira de controlar a pandemia. Tudo depende da idade dos infectados. Desde os tempos do Boris Johnson pré-COVID, quando ainda não havia caído ao chão a caminho de Damasco, que a ideia de ‘imunidade de grupo’ se tornou praticamente sinónimo de fumigar o povo com Zyklon-B. No entanto, ‘imunidade de grupo’ é o que toda a gente quer atingir, mesmo através da vacina. Convém perceber uma coisa: a COVID não é uma doença para que se encontre uma cura, é uma doença face à qual se adquire imunidade, seja por contágio, seja por vacinação. A ideia nem sequer é que toda a gente fique imune, é que um certo número de pessoas o fique, de maneira a dificultar a chegada do vírus às que não ficam.
Por isso, deixar pessoas até aos 65 anos, cujo risco de consequências graves da doença é ínfimo, infectar-se é a primeira barreira contra a chegada do vírus a pessoas acima dessa idade, cujo risco é alto. Isto aconselha a deixar os jovens sem grandes restrições na sua vida, enquanto se protege os idosos. Um passo simples seria, desde logo, ter uma política de minimização de contágio nos lares, onde cerca de metade das mortes ocorreram. Depois, teria de se lidar de maneira diferenciada com outro tipo de casos.
Enfim, tudo é preferível a grandes confinamentos, que podem não estar assim tão longe: basta olhar para Madrid aqui ao lado, onde cerca de 7 milhões de pessoas vivem agora enclausuradas numa cerca sanitária.
TUDO É PREFERÍVEL
A GRANDES
CONFINAMENTOS, QUE PODEM NÃO ESTAR ASSIM TÃO LONGE