O bloqueio do OE-2021
Não se imagina o que pode ainda acontecer com o Orçamento do Estado 2021, mas são notórias as marcas que lhe querem pôr os diversos partidos: para o governo do PS, a preocupação é vincar o caráter social do OE num tempo de várias crises justapostas e limpá-lo de qualquer sinal de austeridade. O BE anseia por destacar ruturas, demonizar parceiros e ver se consegue arranjar uma moscambilha com Comissão Europeia. O PCP adoraria esvaziar os rivais à esquerda e procura conquistas sociais para encher de orgulho as suas hostes, incluindo o apêndice Verdes. Sentado a olhar, o PSD deixa correr o marfim na expectativa de novos conluios e benesses. Os outros participantes na Assembleia da República, incluindo o PAN, fazem por dar nas vistas, mas como já observou o líder do referido partido a conversa nas Finanças está mais difícil. Calcula-se o degredo em que vivem Chega e Iniciativa Liberal.
Nesta conjuntura revela-se inexorável fazer confiança no Governo de António Costa. Não há hipótese de mudá-lo e não vale a pena discutir se é possível encontrar melhor. O primeiro-ministro empenhou-se na construção de uma bazuca europeia contra as facetas económica e social da crise gerada pela pandemia e o que se anseia é ver os resultados. Entre céticos e otimistas, alguém acertará no que vai ser Portugal em 2021 e anos seguintes de recuperação.
Vivemos na realidade numa situação de bloqueio político a que nos conduziu o pior calculismo partidário. O OE-2021 nunca resolveria as carências da educação e da formação em geral, os problemas da saúde, justiça, solidariedade social, nem garantia a dinâmica da economia e a dignidade e equidade dos cidadãos. O debate das opções provocaria, porém, crescimento político e social. Pelo contrário, a negociação em regime de contas de merceeiro e a recriminação partidária não nos deixam passar da cepa torta.
SENTADO, O PSD DEIXA CORRER O MARFIM NA EXPECTATIVA DE NOVOS CONLUIOS
E BENESSES