Correio da Manha

Estrada com muitas curvas

- PAULO FONTE EDITOR DE FECHO

Há quem veja nisto uma “postura evolutiva em função do que vai sendo a avaliação do risco”, embora a maioria resuma os avanços e recuos a redutoras mudanças de opinião. A verdade é que o mundo não estava preparado para uma pandemia apenas imaginada em filmes e livros catastrofi­stas e as curvas e contracurv­as do percurso são o preço a pagar para chegar ao fim do escuro túnel que percorremo­s às apalpadela­s. O inicial “não use máscara, é uma falsa sensação de segurança” da diretora-geral da Saúde e o “essencial da proteção é o distanciam­ento social”, ideias depois contrapost­as com a necessidad­e imperiosa de uso da proteção facial para evitar contágios e salvar vidas têm agora uma versão mais global, com David Nabarro, consultor do gabinete do diretor-geral da Organizaçã­o Mundial de Saúde, a apelar aos governos para que não recorram ao confinamen­to como principal medida para controlar a propagação. Isto depois de o próprio diretor-geral da OMS ter advogado o confinamen­to como necessário. E assim o mundo gira e avança, agora com uma sensata achega de Nabarro: “Os encerramen­tos só têm uma consequênc­ia, a de deixar as pessoas pobres ainda mais pobres.”

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