Estrada com muitas curvas
Há quem veja nisto uma “postura evolutiva em função do que vai sendo a avaliação do risco”, embora a maioria resuma os avanços e recuos a redutoras mudanças de opinião. A verdade é que o mundo não estava preparado para uma pandemia apenas imaginada em filmes e livros catastrofistas e as curvas e contracurvas do percurso são o preço a pagar para chegar ao fim do escuro túnel que percorremos às apalpadelas. O inicial “não use máscara, é uma falsa sensação de segurança” da diretora-geral da Saúde e o “essencial da proteção é o distanciamento social”, ideias depois contrapostas com a necessidade imperiosa de uso da proteção facial para evitar contágios e salvar vidas têm agora uma versão mais global, com David Nabarro, consultor do gabinete do diretor-geral da Organização Mundial de Saúde, a apelar aos governos para que não recorram ao confinamento como principal medida para controlar a propagação. Isto depois de o próprio diretor-geral da OMS ter advogado o confinamento como necessário. E assim o mundo gira e avança, agora com uma sensata achega de Nabarro: “Os encerramentos só têm uma consequência, a de deixar as pessoas pobres ainda mais pobres.”