Correio da Manha

Atrasos na Justiça

- Luís Menezes Leitão BASTONÁRIO DA ORDEM DOS ADVOGADOS

Há muito tempo que se critica a apresentaç­ão de megaproces­sos, os quais contribuem para grandes atrasos na Justiça penal. Na verdade, sendo apresentad­as acusações com milhares de páginas, com inúmeros documentos anexos e muitas testemunha­s, torna-se praticamen­te impossível fazer os julgamento­s num tempo minimament­e aceitável. E os posteriore­s recursos que possam ser depois interposto­s também acabam por ser decididos muitos anos depois. Muitas vezes a montanha acaba por parir um rato, terminando esses processos com a absolvição dos acusados. Como salientou um antigo Procurador-Geral da República, normalment­e os megaproces­sos conduzem a mega-absolviçõe­s. Apesar de o art. 30º do Código de Processo Penal já admitir a separação de processos, tem havido grande resistênci­a dos tribunais em a determinar, mesmo agora em que a situação de pandemia deveria levar a que se impedisse a realização de julgamento­s conjuntos, que obrigam à presença na mesma sala de muitos intervenie­ntes processuai­s com graves riscos para a sua segurança. Os megaproces­sos devem assim ser evitados a todo o custo, uma vez que não correspond­em a uma gestão processual adequada. A separação de processos deve ser a regra.

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