A raiz de todos os males
Afalta de dinheiro é a raiz de todos os males” não pertence às frases mais conhecidas de Mark Twain. Trata-se, porém, da que melhor se aplica à situação portuguesa, com o país pendurado na expetativa da bazuca financeira da União Europeia. Os problemas que nos afligem vêm do facto da dívida pública se encontrar acima dos 130% do PIB, previstos no Orçamento para o próximo ano, e faltar fôlego para assumir mais empréstimos. Apesar de estar suspenso o limite de 3% no défice dos países do euro, a dolorosa experiência da ‘troika’ é demasiado recente e recomenda cuidadosa contenção. As consequências são gritantes.
O mitigar e o atraso dos apoios às pessoas em dificuldade, devido à crise económica da Covid-19. As carências de recursos humanos e operacionais no Serviço Nacional de Saúde. A insegurança e desconfiança suscitadas por medidas atabalhoadas nas escolas, nos transportes públicos e na generalidade dos serviços. Todas as queixas resultam da falta de dinheiro. O Estado tem a responsabilidade de minorar os efeitos da crise, mas não possui meios ilimitados, até porque deixou de imprimir notas. Uns dirão que é malefício do euro. Outros lembrarão a fábrica de miséria que provoca a inflação avassaladora. Experiências passadas em Portugal e noutros países mostram que o melhor era falar verdade e não inventar. Não se suporta o saltitar de opiniões sobre máscaras e não se admite o conspurcar de uma aplicação para rastreio de contágios com a sua absurda obrigatoriedade.
As negociações prosseguem para aprovar o Orçamento 2021, mas nem um mágico será capaz de inventar os médicos e enfermeiros que não se deixaram formar ou emigraram, abrir hospitais que não se construíram, apesar de estarem no papel há décadas, e exigir solidez a empresas descapitalizadas e mal geridas. O Portugal melhor fica adiado até haver dinheiro.
O PORTUGAL MELHOR FICA ADIADO ATÉ HAVER DINHEIRO