Correio da Manha

BANQUEIROS SUSPEITOS DE DESVIAR 337 MILHOES

DINHEIRO RETIRADO DO BES ANGOLA FUNDOS com origem no Banco Espírito Santo

- ANTÓNIO SÉRGIO AZENHA

SALGADO, SOBRINHO, BATAGLIA E MORAIS PIRES ARGUIDOS

Ricardo Salgado, ex-presidente do BES, Álvaro Sobrinho, ex-líder do BESA, Amílcar Morais Pires, ex-administra­dor do BES, e Hélder Bataglia, ex-administra­dor do BESA, são suspeitos de terem participad­o no alegado desvio de dinheiro do BES Angola (BESA). Todos estes quatro ex-banqueiros são arguidos no processo crime nº 244/11, que é anterior ao caso Grupo Espírito Santo (GES). Salgado, Sobrinho, Morais Pires e Bataglia terão recebido, segundo o Ministério Público (MP), cerca de 337 milhões de euros com origem no BESA, através de sociedades que terão tido créditos do BESA.

O processo nº 244/11 investiga, segundo o MP, a transferên­cia de verbas do BES para o BESA e o seu posterior “descaminho com o pretexto da sua afetação a processos de concessão de crédito”. A suspeita do MP consta em documentos desse processo incluídos nos autos do caso GES, cuja acusação foi feita em julho último. Os dois processos têm a mesma equipa de procurador­es.

Num documento datado de 7 de fevereiro deste ano, o MP afirma: “Suspeita-se que os fundos do BESA, com origem no BES, por via do funcioname­nto das linhas de mercado monetário interbancá­rio, serviram propósitos criminosos de elementos da estrutura acionista do BESA e do BES, que por esta via lograram a transferên­cia de avultadas verbas para contas e entidades sob o seu domínio pessoal”.E acrescenta: “É o caso dos arguidos Álvaro Sobrinho, Ricardo Salgado, Amílcar Morais Pires e Hélder Bataglia, ligados à gestão do BESA, do BES e do BESACTIF [então gestora dos fundos de investimen­to imobiliári­o do GES em Angola]”.

O MP faz referência a negócios envolvendo imóveis dos fundos BESA Património e BESA Valorizaçã­o, nos quais as sociedades Govesa e Socidesa aparecem como intermediá­rias entre o BESA e a BESACTIF “em sucessivos contratos-promessa de compra e venda.” Financiada­s pelo BESA, estas sociedades foram identifica­das, segundo o MP, “como as principais ordenantes de elevadas quantias em dinheiro, em transferên­cias não justificad­as, operadas a partir das contas de clearing do BESA no BES, que beneficiar­am contas tituladas pelos arguidos nos autos, ou por entidades sob o seu domínio”.

A este propósito, o MP remete para “o teor do ponto 4.6 do relatório pericial preliminar, que contabiliz­a um total de 399 344 050 USD [dólares americanos, equivalent­es acerca de 337 milhões de euros, ao câmbio atual] em transferên­cias, cujas ordenantes são a Govest e Socidesa, para contas bancárias tituladas por Álvaro Sobrinho e respetivo núcleo familiar, Hélder Bataglia, e entidades sob domínio de Ricardo Salgado e Amílcar Morais Pires”.

Ao longo da investigaç­ão do caso GES, a equipa de procurador­es partilhou inúmeros documentos apreendido­s e informaçõe­s relevantes entre os dois processos, após ter obtido a respetiva autorizaçã­o judicial.

CONSTA EM DOCUMENTOS INCLUÍDOS NOS AUTOS DO CASO GES

PÚBLICO APURA O FIM DOS FUNDOS QUE O BES DEU AO BESA

 ??  ?? 1Ricardo Salgado foi presidente do BES e do GES durante 20 anos 2 Ál varo Sobrinho liderou o BESA entre 2001, ano da fundação do banco, e 2012 3 Hélder Bataglia foi administra­dor do BESA até 2012 4 Amílcar Morais Pires foi administra­dor financeiro do BES, no qual era o braço-direito de Salgado
1Ricardo Salgado foi presidente do BES e do GES durante 20 anos 2 Ál varo Sobrinho liderou o BESA entre 2001, ano da fundação do banco, e 2012 3 Hélder Bataglia foi administra­dor do BESA até 2012 4 Amílcar Morais Pires foi administra­dor financeiro do BES, no qual era o braço-direito de Salgado
 ??  ??
 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal