BANQUEIROS SUSPEITOS DE DESVIAR 337 MILHOES
DINHEIRO RETIRADO DO BES ANGOLA FUNDOS com origem no Banco Espírito Santo
SALGADO, SOBRINHO, BATAGLIA E MORAIS PIRES ARGUIDOS
Ricardo Salgado, ex-presidente do BES, Álvaro Sobrinho, ex-líder do BESA, Amílcar Morais Pires, ex-administrador do BES, e Hélder Bataglia, ex-administrador do BESA, são suspeitos de terem participado no alegado desvio de dinheiro do BES Angola (BESA). Todos estes quatro ex-banqueiros são arguidos no processo crime nº 244/11, que é anterior ao caso Grupo Espírito Santo (GES). Salgado, Sobrinho, Morais Pires e Bataglia terão recebido, segundo o Ministério Público (MP), cerca de 337 milhões de euros com origem no BESA, através de sociedades que terão tido créditos do BESA.
O processo nº 244/11 investiga, segundo o MP, a transferência de verbas do BES para o BESA e o seu posterior “descaminho com o pretexto da sua afetação a processos de concessão de crédito”. A suspeita do MP consta em documentos desse processo incluídos nos autos do caso GES, cuja acusação foi feita em julho último. Os dois processos têm a mesma equipa de procuradores.
Num documento datado de 7 de fevereiro deste ano, o MP afirma: “Suspeita-se que os fundos do BESA, com origem no BES, por via do funcionamento das linhas de mercado monetário interbancário, serviram propósitos criminosos de elementos da estrutura acionista do BESA e do BES, que por esta via lograram a transferência de avultadas verbas para contas e entidades sob o seu domínio pessoal”.E acrescenta: “É o caso dos arguidos Álvaro Sobrinho, Ricardo Salgado, Amílcar Morais Pires e Hélder Bataglia, ligados à gestão do BESA, do BES e do BESACTIF [então gestora dos fundos de investimento imobiliário do GES em Angola]”.
O MP faz referência a negócios envolvendo imóveis dos fundos BESA Património e BESA Valorização, nos quais as sociedades Govesa e Socidesa aparecem como intermediárias entre o BESA e a BESACTIF “em sucessivos contratos-promessa de compra e venda.” Financiadas pelo BESA, estas sociedades foram identificadas, segundo o MP, “como as principais ordenantes de elevadas quantias em dinheiro, em transferências não justificadas, operadas a partir das contas de clearing do BESA no BES, que beneficiaram contas tituladas pelos arguidos nos autos, ou por entidades sob o seu domínio”.
A este propósito, o MP remete para “o teor do ponto 4.6 do relatório pericial preliminar, que contabiliza um total de 399 344 050 USD [dólares americanos, equivalentes acerca de 337 milhões de euros, ao câmbio atual] em transferências, cujas ordenantes são a Govest e Socidesa, para contas bancárias tituladas por Álvaro Sobrinho e respetivo núcleo familiar, Hélder Bataglia, e entidades sob domínio de Ricardo Salgado e Amílcar Morais Pires”.
Ao longo da investigação do caso GES, a equipa de procuradores partilhou inúmeros documentos apreendidos e informações relevantes entre os dois processos, após ter obtido a respetiva autorização judicial.
CONSTA EM DOCUMENTOS INCLUÍDOS NOS AUTOS DO CASO GES
PÚBLICO APURA O FIM DOS FUNDOS QUE O BES DEU AO BESA