Clientes fictícios escondem nomes dos reais devedores
Rui Guerra, ex-presidente do BESA, afirmou ao Ministério Público (MP), que os nomes de clientes fictícios escondiam os verdadeiros beneficiários das sociedades com dívidas elevadas ao BESA. Os nomes dos maiores devedores do BESA são desconhecidos, devido ao sigilo bancário em Angola.
O gestor substituiu Álvaro Sobrinho na presidência da comissão executiva do BESA, em janeiro de 2013. E foi ouvido pelo MP, no âmbito do caso GES,em março de 2015. Questionado sobre quem surge como cliente nas fichas das empresas referidas na ata da assembeia-geral do BESA, em outubro de 2013, Guerra disse que “em tais operações deparou-se na ficha de i denti f i c a ç ã o do c l i e nt e [com] a menção a um procurador, meramente nominativo.”
Para evidenciar a estranheza desta situação, o ex-presidente do BESA acrescentou que é sua convicção “que tal pessoa poderia ser, inclusivamente, um motorista, ainda que não disponha de elementos que o permitam asseverar”.
O MP perguntou a Guerra quem eram os beneficiários da Govest, mas o gestor afirmou “não ter conhecimento”. O ex-presidente do BESA confirmou, na sequência de uma pergunta do MP, que cinco sociedades tinham, em 21 de outubro de 2013 (data da reunião da assembleia-geral do BESA), créditos em dívida ao BESA de 842 milhões de dólares (710 milhões de euros, ao câmbio atual).
Segundo Guerra, esses créditos estavam associados ao negócio da aquisição das torres Escom, em Luanda, detidas pela Escom. Esta empresa era presidida por Hélder Bataglia.
EX-PRESIDENTE DO BESA DIZ QUE O REPRESENTANTE PODIA SER UM MOTORISTA