O estado das coisas
António Costa só não podia prever a Covid-19. Em 2019, face à impossibilidade de acordo político para a legislatura, antecipava-se já a fatura dos partidos da antiga geringonça.
Agora, em plena pandemia, na negociação do Orçamento de Estado, ficou claro que a máquina que aguentou o Governo de esquerda mais do que perra, já não volta a andar.
Este Orçamento de Estado irá passar sem que nenhum dos partidos na oposição se tenha empenhado de facto por ele - nem os antigos parceiros, nem sequer o PSD de Rui Rio, que ajudou há seis meses no Orçamento Suplementar e que agora simplesmente não se quer comprometer.
A coligação de vontades que garantiu a maioria em 2015 e deu aos socialistas a possibilidade de governarem, ante uma crise económica sem precedentes prefere o regresso à rua, à ordem natural das coisas. E já nem é difícil imaginar que Costa não dure até 2023.
E a ser isto o que nos espera, talvez o exemplo destas regionais nos Açores, em que se sonhou uma super gerigonça de direita para correr com os socialistas, seja algo que um dia nos venha ainda a ser servida fria.