O parceiro inútil
No mesmo dia de domingo, em dois assuntos diferentes, aprovação na generalidade do Orçamento 2021 e eleições regionais nos Açores, constatou-se a suspeita e impôs-se a realidade: o Bloco de Esquerda não está apto, nem é capaz de resolver qualquer problema político. É dispensável naquilo em que quer mandar e não ajuda naquilo em que seria imprescindível. O Orçamento já tem aprovação garantida, com várias abstenções, e o BE não conquistou nenhum dos lugares perdidos pelo PS e
PCP na Assembleia dos Açores.
A unanimidade na Mesa Nacional do BE sobre o voto contra o Orçamento 2021 e o epíteto de “extraordinário’ atribuído ao resultado nos Açores agravam os sintomas fantasistas dos seus líderes. Nem uma inquietação quando se trata de saltar fora da geringonça, experiência inovadora na esquerda. Uma mão cheia de proclamações vazias quando se fica à margem, a ver passar a banda da direita, na disputa do poder na região autónoma.
Não chega pensar em combater a pobreza, defender os direitos dos trabalhadores, reforçar o Serviço Nacional de Saúde e preocupar-se com a aplicação do dinheiro dos contribuintes. É necessário ter ideias eficazes para concretizar os objetivos. Nada pior que as análises centradas no umbigo e alheias à realidade. Com mais 552 votos que há quatro anos, o BE não ganhou qualquer lugar na Assembleia Regional, mas o PS, com menos 2565, perdeu cinco deputados. E que dizer da qualificação de “resultado extraordinário” por mais 500 e tal eleitores quando o Chega passou do zero a 5260 votos e, com mais 30% de sufrágios que o BE, se tornou no 4º maior partido na região, atrás de PS, PSD e CDS.
Com a sua enfadonha candidatura presidencial e a irrelevância que tem no poder autárquico, o BE fica fora do foco partidário nas eleições do próximo ano. Não haverá motivo para lhe dar atenção. Vai falhar aos portugueses.