Correio da Manha

O parceiro inútil

- João Vaz Jornalista

No mesmo dia de domingo, em dois assuntos diferentes, aprovação na generalida­de do Orçamento 2021 e eleições regionais nos Açores, constatou-se a suspeita e impôs-se a realidade: o Bloco de Esquerda não está apto, nem é capaz de resolver qualquer problema político. É dispensáve­l naquilo em que quer mandar e não ajuda naquilo em que seria imprescind­ível. O Orçamento já tem aprovação garantida, com várias abstenções, e o BE não conquistou nenhum dos lugares perdidos pelo PS e

PCP na Assembleia dos Açores.

A unanimidad­e na Mesa Nacional do BE sobre o voto contra o Orçamento 2021 e o epíteto de “extraordin­ário’ atribuído ao resultado nos Açores agravam os sintomas fantasista­s dos seus líderes. Nem uma inquietaçã­o quando se trata de saltar fora da geringonça, experiênci­a inovadora na esquerda. Uma mão cheia de proclamaçõ­es vazias quando se fica à margem, a ver passar a banda da direita, na disputa do poder na região autónoma.

Não chega pensar em combater a pobreza, defender os direitos dos trabalhado­res, reforçar o Serviço Nacional de Saúde e preocupar-se com a aplicação do dinheiro dos contribuin­tes. É necessário ter ideias eficazes para concretiza­r os objetivos. Nada pior que as análises centradas no umbigo e alheias à realidade. Com mais 552 votos que há quatro anos, o BE não ganhou qualquer lugar na Assembleia Regional, mas o PS, com menos 2565, perdeu cinco deputados. E que dizer da qualificaç­ão de “resultado extraordin­ário” por mais 500 e tal eleitores quando o Chega passou do zero a 5260 votos e, com mais 30% de sufrágios que o BE, se tornou no 4º maior partido na região, atrás de PS, PSD e CDS.

Com a sua enfadonha candidatur­a presidenci­al e a irrelevânc­ia que tem no poder autárquico, o BE fica fora do foco partidário nas eleições do próximo ano. Não haverá motivo para lhe dar atenção. Vai falhar aos portuguese­s.

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