Apoiar é agora
O GOVERNO NÃO PODE DEIXAR
AS EMPRESAS
ABANDONADAS
À SUA SORTE
Opaís entrou ontem num novo registo de combate à pandemia, com uma abordagem mais selectiva e localizada sempre que possível. Para já, são 121 os concelhos que estão debaixo de regras mais apertadas, daqui a duas semanas poderão ser mais ou ser menos, conforme a evolução dos casos e dos óbitos. O indesejado confinamento geral parece para já afastado, mas nunca se sabe. O Presidente Marcelo falou numa linha vermelha que seria um grande aumento de óbitos, mas não se sabe qual é o número que fará tocar esse alarme – e ainda ontem se bateu novo recorde. É neste contexto de emergência, com contornos bem diferentes (pelo menos, para já) daqueles que se viveram entre Março e Maio, que se tem de olhar com extrema atenção para a economia. Porque se o colapso da capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde é um risco bem real, como aqui temos dito repetidamente, o colapso da economia nesta segunda vaga pode ser ainda mais rápido e estrondoso. A somar às milhares de empresas que tiveram de fechar nestes últimos meses devido à pandemia, há que contar com o mais que previsível avolumar de falências que serão precipitadas com o fim das moratórias. É que para muitas empresas, as moratórias públicas e privadas que lhes têm permitido algum oxigénio nestes últimos tempos mais não são do que o adiamento de uma inevitabilidade pesada e trágica. Por essa razão e por todas as incertezas que permanecem, dificilmente o próximo ano marcará o início da recuperação económica que o governo prevê com uma dose exagerada de optimismo. Mais ainda porque os anunciados milhões da Europa só começarão a chegar de forma significativa lá para 2022 e 2023. Isto para dizer que o Governo não pode deixar as empresas abandonadas à sua sorte. Tem que apoiá-las já e de forma determinada, sem preconceitos. Se quer mesmo combater a crise económica e social, não tem outro caminho.