Treinadores de bancada
A exemplo do futebol, na Covid somos todos treinadores de bancada. Cada um tem a tática certa para derrotar o vírus, seja à defesa, com toda a gente enfiada em casa, seja ao ataque, enfrentando o demónio de peito feito. A única diferença na analogia é que não há nenhum Jesus, Pep ou Mourinho a comandar as tropas no terreno de jogo. É tudo muito experimentalista, tudo na base do improviso, tudo na lógica do tapa-buracos.
Não estranha, pois, que às primeiras semanas de segunda vaga o Serviço Nacional de Saúde esteja a rebentar pelas costuras e que tenha sido dada indicação aos hospitais para suspender a assistência dos casos não urgentes fora da esfera Covid. Na prática, quem não está a morrer nem caminhe para lá, que se deixe ficar na cama ou no sofá.
O que faz confusão a quem assiste e obedece às ordens de quem manda, além de não perceber a dualidade de critérios que encerra a maioria das medidas, é o motivo pelo qual não se aumenta já a capacidade de atendimento e internamento disponíveis no País recorrendo ao setor social e ao setor privado. E não se pede já apoio às Forças Armadas. É tudo feito ao retardador. Assim não ganhamos o jogo.