Correio da Manha

Treinadore­s de bancada

- PAULO JOÃO SANTOS DIRETOR-ADJUNTO

A exemplo do futebol, na Covid somos todos treinadore­s de bancada. Cada um tem a tática certa para derrotar o vírus, seja à defesa, com toda a gente enfiada em casa, seja ao ataque, enfrentand­o o demónio de peito feito. A única diferença na analogia é que não há nenhum Jesus, Pep ou Mourinho a comandar as tropas no terreno de jogo. É tudo muito experiment­alista, tudo na base do improviso, tudo na lógica do tapa-buracos.

Não estranha, pois, que às primeiras semanas de segunda vaga o Serviço Nacional de Saúde esteja a rebentar pelas costuras e que tenha sido dada indicação aos hospitais para suspender a assistênci­a dos casos não urgentes fora da esfera Covid. Na prática, quem não está a morrer nem caminhe para lá, que se deixe ficar na cama ou no sofá.

O que faz confusão a quem assiste e obedece às ordens de quem manda, além de não perceber a dualidade de critérios que encerra a maioria das medidas, é o motivo pelo qual não se aumenta já a capacidade de atendiment­o e internamen­to disponívei­s no País recorrendo ao setor social e ao setor privado. E não se pede já apoio às Forças Armadas. É tudo feito ao retardador. Assim não ganhamos o jogo.

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