Vitória agónica nos EUA
provável que à hora a que lê estas linhas o desfecho das eleições nos EUA ainda seja uma incógnita. Mantendo-se a tendência verificada até ao fim da noite de ontem, se o candidato democrata Joe Biden vencer o estado do Nevada derrotará Trump por um só voto no colégio eleitoral. Joe Biden alcançou o denominador mínimo de conforto ao conquistar o Wisconsin aos republicanos, o que levou Trump a pedir a recontagem de votos. Já na madrugada, o atual presidente tinha declarado pateticamente vitória quando os votos ainda estavam a ser contados. Se os grandes homens revelam a sua grandeza nas derrotas, o comportamento rastejante de Trump voltou a evidenciar-se e contrastou com a tranquilidade de um opositor prudente nas palavras que acabaria por proferir já com a vitória à espreita. Ao invés de atirar gasolina para a fogueira em que se transformou a polarizada sociedade americana, Biden defendeu que “nós, o povo, não seremos silenciados”. Não será fácil. Trump prepara-se para arrastar o país para um pleito institucional e tentar manter um poder que fez da mitomania doutrina. Ao não ser derrotado como as falhadas sondagens anteviram, Trump mostrou, também, resistência notável num sistema eleitoral que, ao contrário do que diz, não coloca em causa a democracia, mas que é inexplicavelmente anacrónico em pleno séc.
XXI.