Correio da Manha

Contratos ilegais fecham imobiliári­a

ILEGAL Procurador­ia ilícita é praticada em vários modelos de negócio

- VANESSA FIDALGO

OTribunal Administra­tivo de Círculo de Lisboa decretou o encerramen­to de uma agência de mediação imobiliári­a do concelho de Mafra por atos de procurador­ia ilícita. A agência era responsáve­l p e l a p r o moç ã o d e mai s d e 200 propriedad­es na Grande Lisboa, Zona Oeste e no Algarve. Em causa estão contratos de mediação, promessa ou arrendamen­to que não foram elaborados por advogados, mal redigidos, muitas vezes recorrendo a minutas antigas com artigos já caducados.

Não é caso único. Só este ano, até ao fim de outubro, a procurador­ia ilícita – atos próprios de advogados ou de solicitado­res praticados ilegalment­e por outros profission­ais – deu origem a mais de 200 participaç­ões e à instauraçã­o de 122 processos-crime, praticamen­te o dobro do verificado em 2018, quando se registaram 67 processos. Em 2019, foram 102.

De salientar que a maioria dos atos de procurador­ia ilícita são perpetrado­s por contabilis­tas, seguradora­s, agências imobiliári­as, funerárias, juntas de freguesia, agências de comunicaçã­o e até falsos advogados (alguns com inscrição suspensa ou expulsos da ordem).

João Massano, presidente do Conselho Regional de Lisboa da Ordem dos Advogados, estima que “mais de 50% dos atos jurídicos realizados no País sejam feitos de forma ilícita”, por pessoas sem competênci­a para tal. “É um crime que tem vindo a crescer, porque muitas vezes as pessoas não se dão conta dos riscos. Um contrato de trabalho ou de compra de casa mal feito pode acarretar riscos e perdas grandes. É preciso travá-lo”, alertou o mesmo responsáve­l.

EM APENAS DOIS ANOS OS PROCESSOS-CRIME QUASE QUE DUPLICARAM

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Contratos-promessa e de arrendamen­to que não forem elaborados por advogados estão feridos de ilegalidad­e

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