Correio da Manha

Médicos já sabem quem devem salvar

INTENSIVOS Se não houver vaga para todos, a prioridade é para quem tiver “maior probabilid­ade de sobrevivên­cia após tratamento” ORDEM Parecer diz que idade não é fator único para a decisão

- BERNARDO ESTEVES

Oaumento de doentes internados com Covid-19 levou a Ordem dos Médicos a divulgar um parecer, do seu Conselho de Ética, com os critérios sobre os doentes com prioridade caso não haja camas de cuidados intensivos, ventilador­es ou pessoal médico para todos. O critério principal passa por “reservar os recursos que se podem tornar extremamen­te escassos para aqueles que têm, antes de mais, maior probabilid­ade de sobrevivên­cia após o tratamento”. O objetivo é “salvar mais vidas e mais anos de vida”. A idade é por isso um fator importante mas, “por si só, nunca pode ser usada como critério”, refere o documento.

Por outro lado, as pessoas com

BASTONÁRIO DIZ QUE SÓ RECURSO AO PRIVADO EVITA OPÇÃO DRAMÁTICA

Covid-19 não têm prioridade, aplicando-se os critérios a todos os doentes, devendo cada caso “ser avaliado de forma individual”. A ordem de chegada ao hospital também não é critério relevante. As decisões devem “resultar de um consenso da equipa de saúde” e ser comunicada­s ao doente e familiares e registada no processo. Nas decisões de maior “incerteza clínica ou moral”, os médicos devem ouvir “uma segunda opinião de pares experiente­s”.

O parecer foi aprovado em abril, mas só agora divulgado. “Na primeira fase a pandemia foi controlada e a divulgação do parecer poderia ter introduzid­o mais ruído. Com a pandemia a crescer é importante haver esta referência”, disse ao CM o bastonário Miguel Guimarães, que sublinha a necessidad­e de recorrer ao setor privado para não se chegar ao ponto de ter de escolher quem salvar: “Agora todos somos SNS. É importante uma resposta global. O Estado tem de assegurar a saúde a todos e pode fazer acordo com o privado e social com as regras que aplica no público, gastando o mesmo. Se houver requisição civil também tem de haver acordo.”

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Médicos podem ser obrigados a escolher doentes prioritári­os se o surto continuar a crescer como nas últimas semanas

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