Portugueses suaves

A VACINAÇÃO LENTA TAMBÉM É CULPA DA FALTA DE CIVISMO DOS PORTUGUESES? OU DO GOVERNO?

Quando há meses, no Parlamento, uma deputada do PS dizia que o vírus teve “o azar de encontrar pela frente um povo experimentado e um Governo capaz”, a bancada socialista aplaudiu extasiada. Compreendia-se. O País e o Executivo alimentavam-se de um suposto milagre português que, na verdade, foi o fogo-fátuo que levou ao facilitismo que nos trouxe à situação caótica que vivemos. Podemos agora entrar no pingue-pongue inútil que é tentar saber onde está a culpa. Se no nacional chico-espertismo, que permite alugar cães para sair à rua em confinamento sem que nada aconteça aos infratores, ou nos autarcas que deixaram abertas marginais de mar e rio confiando num civismo que sabem não existir. Ou, ainda, se nas polícias que olham para tudo isto sem nada fazer. Ou então nas medidas repetidamente errantes do Governo. Vejamos a discussão do momento. Parece inevitável que as escolas com alunos acima dos 12 anos terão que fechar. Alguns colégios privados já o fizeram. Não porque as infeções se potenciem dentro da escola, mas pelo que a ida à escola proporciona. Afinal, fora das aulas podemos ver magotes de alunos sem distância, nem máscara e observar dezenas de jovens num autocarro nas mesmas condições. Isto, o Governo permite. Já um pequeno café familiar não pode servir uma água a dois vizinhos. Será um exemplo simplista, mas é por ser da esfera do senso comum que é preocupante.

Sabe-se hoje o que se passa nas escolas, mas o caso só será discutido daqui a uma semana. Se o Governo relaxa, esperam o quê de um País cansado desse ‘deixa andar’ cíclico? É claro que há um dever coletivo que deve ser respeitado para o bem de todos. Mas quando olhamos para Espanha, que começou a vacinar depois de nós e já vacinou o dobro (por mil habitantes) da população, o que pensar? Que a vacinação lenta também é culpa da falta de civismo dos portugueses? Ou do tal Governo capaz?