Ódio racial na origem da morte a tiro de ator
HOMICÍDIO ACUSAÇÃO Reformado de 76 anos matou Bruno Candé, de 39, com cinco tiros à queima-roupa Ministério Público valoriza insultos racistas e premeditação para qualificar o crime
Foi motivado pela cor e origem étnica do ator Bruno Candé, de 39 anos, que o reformado Evaristo Marinho, de 76, o assassinou com cinco tiros, na avenida de Moscavide, Loures, após ter passado três dias a preparar o homicídio. O antigo auxiliar de ação médica, que está preso desde o dia do crime, 25 de julho de 2020, foi agora acusado pelo Ministério Público de homicídio qualificado, agravado entre outros pelo ódio racial contra Bruno Candé.
O Ministério Público refere, baseado na investigação da PJ, que os dois homens se desen
PASSOU A ANDAR ARMADO PARA APANHAR A VÍTIMA E ASSASSINÁ-LA A TIRO
tenderam três dias antes, após Evaristo ter enxotado a cadela do ator com bengaladas. O reformado virou-se para Bruno Candé dirigindo-lhe vários insultos raciais: “Vai para a tua terra, preto! Tens toda a família na senzala e devias também lá estar!” Disse ainda impropérios contra os pais do ator, após o que tentou atingi-lo com a bengala, gritando: “Preto de m***! Eu mato-te!”
O ator empurrou o idoso, para se defender, e entrou num carro, saindo do local - ao mesmo tempo que Evaristo (ex-combatente 1966/68) lhe gritava: “Tenho lá armas em casa do Ultramar e vou-te matar!”
O Ministério Público sustenta que foi nesse momento que o reformado se decidiu a matar o ator. Começou a andar sempre armado e a passar várias vezes no local onde sabia que Candé parava com a cadela. Ao terceiro dia, pelas 13h20, encontrou o ator, retirou a pistola do coldre e disparou um tiro, fazendo Candé ir ao chão. Com a vítima prostrada, deu-lhe mais quatro tiros no tórax e abdómen. Foi travado por populares.