“SOVA FOI SENTENÇA DE MORTE” DA VALENTINA
MÉDICO Perito ouvido em tribunal diz que “dificilmente” teria sobrevivido, devido às múltiplas e graves lesões DEMORA Estado do corpo da menina “prejudicou” as conclusões da autópsia
As múltiplas agressões que Valentina sofreu, sobretudo na cabeça, às mãos do pai e da madrasta, foram de tal forma graves que a menina de nove anos “dificilmente sobreviveria”, disse ontem o perito médico Carlos Durão, que fez a autópsia ao cadáver, em audiência de julgamento, no Tribunal de Leiria.
Antes da decisão, o tribunal quis saber, com rigor, a que horas morreu a menina e se poderia ter sobrevivido, caso tivesse sido socorrida, mas o perito disse que não é possível determinar a hora da morte, adiantando que a medicina legal “não é uma ciência exata”. Além disso, o resultado da autópsia ficou “prejudicado” pelo estado do corpo quando foi recuperado.
Segundo o Ministério Público, Valentina foi morta à pancada em casa, em Atouguia da Baleia, Peniche, em maio do ano passado, pelo pai e pela madrasta. Ficou a agonizar um dia inteiro no sofá até o corpo ser levado para um pinhal, onde foi encontrado quatro dias depois.
Já sobre as hipóteses de sobrevivência de Valentina, se tivesse sido socorrida, Carlos Durão disse que “dificilmente” a menina escaparia a uma ‘sentença de morte’, dada a “gravidade das várias lesões e da hemorragia cerebral”. “É muito pouco provável, mas existem casos de doentes que sobrevivem com sequelas cerebrais”, destacou, indicando que para isso o socorro teria de acontecer num “intervalo de tempo de hora e meia” após as agressões.
Os arguidos, Sandro e Márcia, pai e madrasta de Valentina, acompanharam a audiência e nenhum deles quis fazer qualquer declaração quando foram questionados pelo juiz-presidente do coletivo, o mesmo acontecendo com os seus defensores. Já a procuradora do Ministério Público disse que o depoimento do perito médico “esclareceu que seria possível outro resultado”, se a menina tivesse sido socorrida em vez de ser deixada a morrer.
EXAME NÃO CONSEGUIU DETERMINAR A HORA EM QUE A MENINA MORREU