Mãe de vítima culpa Universidade Lusófona
LÁGRIMAS Pais dos jovens que morreram afogados no Meco não escondem revolta contra estabelecimento de ensino e sobrevivente EMOÇÃO Recordam morte trágica dos filhos
“VI NA NET : DESAPARECIDA NA PRAIA DO MECO.
UMA INSENSIBILIDADE”
VÍTIMAS
Fala a correr, quer dizer tudo e mais alguma coisa, tem pressa em apontar o dedo a quem lhe levou a filha. Está revoltada, gesticula com frequência, mas quebra e chora. Fernanda Soares, mãe de Catarina, não esconde a mágoa do caso não ter chegado ao tribunal criminal. E é no cível, pela primeira vez, que pode dizer tudo o que lhe vai na alma. “Deixe-me falar, por favor. A doutora não sabe o que é estar uma semana voltada para aquele mar à espera do corpo da minha filha”, respondeu, quando foi chamada a atenção de que estava a depor muito para além do que lhe era perguntado. “A Lusófona não protegeu a minha filha. E ela gostava tanto da universidade”, recordou ainda em lágrimas, na segunda sessão do julgamento cível que a opõe - ela, o marido e as restantes famílias das vítimas - ao sobrevivente e aos responsáveis da Lusófona.
Fernanda foi uma das quatro testemunhas ontem ouvidas no Tribunal de Setúbal e foi também o depoimento mais longo. Afirmou que a universidade sabia o que se passava, conhecia a violência das praxes, mas nada fazia para as travar. “E um mês depois dela morrer fui à conta dela da universidade e vi que tinham posto uma referência na internet: desaparecida na praia do Meco. Doeu-me muito a insensibilidade, tanto mais que já tinham lançado que o pagamento da propina estava em atraso.”
Fernanda, à saída, também não escondia o nervosismo. Dizia que esta era a sua batalha de vida, que se manterá sempre à espera de que seja feita justiça. “A minha filha está de certeza a aplaudir-me. Por tudo o que eu disse e porque nunca iremos desistir dela. Até ao fim dos meus dias vou procurar a verdade.”