450 mil rastreios de cancro em falta
ESTUDO Foram realizados menos 29 milhões de exames de diagnóstico
Entre março de 2020 e fevereiro deste ano, ficaram por fazer cerca de 450 mil rastreios aos cancros da mama, do útero e do colo e reto. A conclusão é de um estudo da Ordem dos Médicos (OM) que avaliou os efeitos da pandemia no Serviço Nacional de Saúde.
Os dados, obtidos através da comparação com o período homólogo, revelam que houve menos 21% de mulheres com registo de mamografia nos últimos dois anos (169485), menos 12% de mulheres com citologia do colo do útero atualizada (140872) e menos 7% com rastreio do cólon e reto (125322). “O diagnóstico precoce de cancro nestas áreas específicas ficou prejudicado. Vamos ter apresentações de alguns destes cancros em estádios claramente mais avançados, o que já está a acontecer e tem sido relatado pelos serviços de oncologia”, apontou o bastonário da OM.
Miguel Guimarães alertou ainda que “foram feitos menos 30% de exames complementares de diagnóstico e terapêutica”, o equivalente a menos 29 milhões de atos, o que “num país de 10 milhões tem significado” e “vai ter impacto”.
A pandemia travou ainda a realização de 9,3 milhões de consultas presenciais nos Centros de Saúde e a redução de 40% nos episódios de Urgência e de 25% nas cirurgias (176 mil). Segundo o estudo, o número de utentes sem médico de família voltou a aumentar. Mais de um milhão de portugueses não tem clínico atribuído. O problema agravou-se com a saída de clínicos do setor público: até maio saíram 131 clínicos.
MAIS DE UM MILHÃO DE PORTUGUESES NÃO TEM MÉDICO DE FAMÍLIA