SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE LISBOA 523 ANOS DE HISTÓRIA
FUNDADA EM 1498 PELA RAINHA D. LEONOR, A MISERICÓRDIA DE LISBOA SEMPRE MERECEU O RECONHECIMENTO DA CIDADE GRAÇAS ÀS SUAS OBRAS DE CARIDADE. COM MAIS DE 500 ANOS DE HISTÓRIA, A INSTITUIÇÃO ASSUME-SE HOJE COMO UM BALUARTE DA IGUALDADE E RESPEITO PELOS DIREITOS DE TODAS AS PESSOAS, PRIORITARIAMENTE DOS MAIS DESPROTEGIDOS.
SÉCULOS XV E XVI
1498
A 15 de agosto em Lisboa, no ano em que os navegadores portugueses chegavam à Índia, surgia a primeira misericórdia portuguesa em resultado da especial intervenção da Rainha D. Leonor, e com o total apoio do Rei D. Manuel I. O desenvolvimento da expansão marítima, da atividade portuária e comercial favorecia o afluxo de gente aos grandes centros urbanos, como era o caso de Lisboa. As condições de vida degradavam-se. As ruas transformavam-se em antros de promiscuidade e doença, aglomeran- do-se pedintes e enjeitados. Neste contexto difícil, D. Leonor, rainha viúva de D. João II, resolve instituir uma Irmandade de Invocação a Nossa Senhora da Misericórdia, na Sé de Lisboa, onde passou a ter sede.
1516
O Compromisso originário da Misericórdia de Lisboa foi aprovado pelo Rei D. Manuel I e confirmado pelo Papa Alexandre VI.
1534
A eficaz ação da Misericórdia de Lisboa ficou a dever-se não apenas ao empenho e participação generosa dos membros da Irmandade, mas também ao apoio e proteção da Coroa, bem como a benemerências de diversos particulares. É neste quadro que se compreende a concessão de privilégios, bem como a dotação de imponentes instalações, como a nova sede da Misericórdia de Lisboa, mandada edificar por D. Manuel I e concluída em 1534.
SÉCULO XVII
1618
Cem anos após a fundação e pressionada por mudanças políticas, sociais e económicas, decorrentes da perda da independência do Reino (1581), a Misericórdia de Lisboa sentiu a necessidade de reformar o Compromisso originário. Publicando um novo Compromisso em 1618.
1657
Com maiores responsabilidades cresciam as dificuldades financeiras. Criar as crianças expostas, deixadas ao cuidado da Misericórdia, continuava a ser uma das principais preocupações da
Irmandade.
1668 Para aumentar o apoio às crianças expostas da Misericórdia, durante o período das guerras da independência, de 1640 a 1668, atribuíram-se privilégios às famílias das amas que os acolhiam.
SÉCULO XVIII
1750
Ao longo do século XVIII, permaneceram sem solução duas grandes questões: o sustento dos expostos e o financiamento da Instituição. Na segunda metade deste século agravou-se, em particular, o processo de receção e criação dos expostos, o que se explicava pelo crescimento do número de crianças enjeitadas e pela dificuldade de contratar amas.
1768
Novos subsídios foram concedidos para a criação dos expostos.
1783
As dificuldades financeiras levariam a Mesa da Misericórdia e os Hospitais Reais de Enfermos e Expostos a solicitar à Rainha D. Maria I que concedesse a permissão de instituir uma Lotaria anual. Parte dos lucros das lotarias beneficiavam também outras instituições pias e científicas.
SÉCULO XIX
1806
No início do século XIX, a situação económica da Misericórdia de Lisboa continuava bastante precária. Os prédios urbanos que contribuíam para a receita da Santa Casa, antes do terramoto, encontravam-se em grande parte arrasados ou danificados. Ainda assim, a Misericórdia de Lisboa continuava a ser um modelo para as instituições de beneficência.
1853
Com vista a intervir na origem do abandono de crianças determinou-se que, durante os três primeiros anos de vida, seria concedido um “salário ou esmola” às mães sem recursos.
1870
Tornara-se difícil suportar os subsídios concedidos a mães mais necessitadas. A solução passou pela reorganização do serviço e pela regulamentação da forma de admissão das crianças na Roda, impondo uma efetiva fiscalização.
1887
Pondo em prática as obras de misericórdia, decidiu-se implementar uma assistência alimentar à população mais carenciada. Assim sendo, em dezembro, foi criada a Sopa da Caridade, mais tarde chamada de Cozinha dos Pobres.
SÉCULO XX
1911
No início do século XX, a Misericórdia de Lisboa foi desenvolvendo o socorro assistencial, através de cuidados prestados a crianças tuteladas e órfãs, orientados para a formação, ensino, higiene e saúde infantil; aperfeiçoamento dos serviços clínicos e de visitação; incremento da assistência alimentar; atribuição de subsídios a diversas instituições públicas e particulares.
1926-1931
Foram integradas na Misericórdia de Lisboa diversas instituições como por exemplo o Instituto de Cegos Branco Rodrigues e do Sanatório de Sant’Ana, na Parede.
1935-1943
Em 1935, a Santa Casa inaugura, na sua sede, o Instituto Médico Central e, em 1943, o Hospital Infantil de S. Roque, com internamento em várias especialidades.
1957-1966
Entre 1957 e 1963, introduziu-se na Misericórdia de Lisboa uma nova ideia de gestão e um maior dinamismo na solução dos problemas. Esta nova orientação traduziu-se no desenvolvimento de acordos de cooperação com muitas instituições de apoio assistencial e no aparecimento de novos serviços como os de Medicina no Trabalho, verdadeiro centro-piloto onde estagiaram médicos e enfermeiros. O Totobola, criado em 1961, permitiu aumentar as receitas dos jogos sociais. Isto possibilitou à Misericórdia criar um Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão (1966), destinado ao tratamento de acidentados e diminuídos motores.
1974-1987
Depois da Revolução de 25 de abril de 1974, a quebra de receitas provenientes dos jogos, agravada pela descolonização e o consequente encerramento das delegações ultramarinas, originou grandes dificuldades financeiras.
1994-1998
No final do século, a Misericórdia de Lisboa definiu uma estratégia para o voluntariado, criando uma estrutura própria para dinamizar esta área. O século XX fica ainda marcado pelo lançamento de novos jogos sociais. Totoloto (1985), Lotaria Popular (1987), Joker (1993; suspenso em 2017) e a Raspadinha (1995).
SÉCULO XXI
2004
O Departamento de Jogos da Santa Casa lançou, em conjunto com outros países, o Euromilhões.
2012
A instituição inaugura a Unidade de Saúde Maria José Nogueira Pinto, vocacionada para cuidados continua
dos e paliativos.
2013
A SCML começou a investir diretamente na investigação científica e médica de excelência, através da criação das maiores bolsas para projetos em Neurociências desenvolvidos em Portugal.
2017
Reforçando a aposta na Investigação, foi criado o Prémio João Lobo Antunes, no valor de 40 mil euros.
2018
A SCML lançou, em outubro, a sua Casa do Impacto. O objetivo é agregar, no mesmo espaço, todas as entidades do ecossistema do empreendedorismo social e da inovação social.
2019
Em fevereiro, a SCML, juntamente com outras instituições da cidade, deu início ao programa “Lisboa, Cidade de Todas as Idades”, que tem como missão dar uma resposta integrada à população 65+. Em pouco menos de um ano georreferenciou cerca de 30 mil idosos, residente nas 24 freguesias. Em agosto foi inaugurado o primeiro serviço especializado de medicina dentária pediátrica: SOL – Saúde Oral em Lisboa. Um serviço de odontopediatria gratuito.
2020
Em plena crise de saúde pública, a Santa Casa reforçou a sua ação nas mais diversas áreas para poder continuar a apoiar quem mais precisa. Numa altura em que todos tinham de estar em casa, a SCML foi a casa de milhares de portugueses, aumentando as respostas na linha da frente. Criou a Linha COVID Lares e reforçou a sua ação na área da saúde.