Correio da Manha

Preço das casas vai contar para a inflação

MUDANÇA BCE quer que taxa de inflação inclua a evolução dos preços do mercado imobiliári­o

- JOÃO MALTEZ

Trata-se de um passo histórico e inverte a política de quase duas décadas seguida pelo Banco Central Europeu (BCE). A instituiçã­o deixa de ter como meta trazer inflação na Zona Euro (a evolução dos preços de bens e serviços) para valores próximos ou abaixo dos 2% e abre espaço a que possa subir. Quer também incluir nessa taxa os preços da habitação, para melhor refletir as suas oscilações no bolso dos consumidor­es.

A nova estratégia foi ontem comunicada por Christine Lagarde e visa permitir que a taxa em causa possa estar acima dos 2% por alguns períodos de tempo, como o atual, em que se prevê que os preços no segundo semestre deste ano possam subir.

“A nova estratégia contempla uma meta de inflação simétrica de 2% no médio prazo”, explicou o BCE em comunicado. Isso “pode implicar, em períodos como o atual [em que há sinais de recuperaçã­o da crise] que fique ligeiramen­te acima da meta”.

Na Zona Euro, a inflação chegou aos 2% em maio, mas baixou 1,9% em junho. Ainda assim, tendo em conta a atual recuperaçã­o económica e alguns efeitos pontuais (como por exemplo a falta de chips para a produção na indústria), o BCE admite que a taxa supere os 2% no segundo semestre do ano.

Outra mudança prende-se com os preços da habitação, cujo impacto o BCE quer incluir na taxa de inflação. A instituiçã­o recomenda a inclusão da propriedad­e imobiliári­a, não das rendas, no apuramento da taxa, para que reflita a evolução dos preços do mercado imobiliári­o e o seu efeito no bolso dos cidadãos.

CAI META DE QUASE DUAS DÉCADAS PARA MANTER INFLAÇÃO ABAIXO DE 2%

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Presidente do BCE apresentou nova estratégia de política monetária

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