Preço das casas vai contar para a inflação
MUDANÇA BCE quer que taxa de inflação inclua a evolução dos preços do mercado imobiliário
Trata-se de um passo histórico e inverte a política de quase duas décadas seguida pelo Banco Central Europeu (BCE). A instituição deixa de ter como meta trazer inflação na Zona Euro (a evolução dos preços de bens e serviços) para valores próximos ou abaixo dos 2% e abre espaço a que possa subir. Quer também incluir nessa taxa os preços da habitação, para melhor refletir as suas oscilações no bolso dos consumidores.
A nova estratégia foi ontem comunicada por Christine Lagarde e visa permitir que a taxa em causa possa estar acima dos 2% por alguns períodos de tempo, como o atual, em que se prevê que os preços no segundo semestre deste ano possam subir.
“A nova estratégia contempla uma meta de inflação simétrica de 2% no médio prazo”, explicou o BCE em comunicado. Isso “pode implicar, em períodos como o atual [em que há sinais de recuperação da crise] que fique ligeiramente acima da meta”.
Na Zona Euro, a inflação chegou aos 2% em maio, mas baixou 1,9% em junho. Ainda assim, tendo em conta a atual recuperação económica e alguns efeitos pontuais (como por exemplo a falta de chips para a produção na indústria), o BCE admite que a taxa supere os 2% no segundo semestre do ano.
Outra mudança prende-se com os preços da habitação, cujo impacto o BCE quer incluir na taxa de inflação. A instituição recomenda a inclusão da propriedade imobiliária, não das rendas, no apuramento da taxa, para que reflita a evolução dos preços do mercado imobiliário e o seu efeito no bolso dos cidadãos.
CAI META DE QUASE DUAS DÉCADAS PARA MANTER INFLAÇÃO ABAIXO DE 2%