Correio da Manha

Assalto ao poder no Haiti

- FRANCISCO J. GONÇALVES JORNALISTA

O Haiti partilha com a República Dominicana a ilha de São Domingos, mas qualquer semelhança entre os vizinhos é pura coincidênc­ia. Se os dominicano­s crescem com o turismo, o Haiti é o país mais pobre da América Latina.

Como miséria atrai miséria, em 2010 foi arrasado por um sismo que matou mais de 100 mil pessoas. Na passada semana o presidente Jovenel Moïse, acusado de corrupção e contestado nas ruas, foi assassinad­o numa operação parecida a um mau filme de ação. Diz o governo que os assassinos são mercenário­s estrangeir­os, na sua maioria colombiano­s.

A operação foi cuidadosam­ente preparada, dizem, mas os assassinos esqueceram-se de preparar... um plano de fuga. Parte deles foi apanhada… em casa. Aparenteme­nte não lhes ocorreu usar um barco para sair da ilha ou cruzar a fronteira para a República Dominicana. Quando em 2004 o presidente Jean-Bertrand Aristide foi deposto num golpe de Estado, a instabilid­ade durava desde 2000, alegadamen­te porque a eleição que nesse ano o levara ao poder não tinha sido transparen­te. Talvez a opacidade se tenha tornado um hábito, pois parece envolver igualmente o assassínio de Moïse.

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