Assalto ao poder no Haiti
O Haiti partilha com a República Dominicana a ilha de São Domingos, mas qualquer semelhança entre os vizinhos é pura coincidência. Se os dominicanos crescem com o turismo, o Haiti é o país mais pobre da América Latina.
Como miséria atrai miséria, em 2010 foi arrasado por um sismo que matou mais de 100 mil pessoas. Na passada semana o presidente Jovenel Moïse, acusado de corrupção e contestado nas ruas, foi assassinado numa operação parecida a um mau filme de ação. Diz o governo que os assassinos são mercenários estrangeiros, na sua maioria colombianos.
A operação foi cuidadosamente preparada, dizem, mas os assassinos esqueceram-se de preparar... um plano de fuga. Parte deles foi apanhada… em casa. Aparentemente não lhes ocorreu usar um barco para sair da ilha ou cruzar a fronteira para a República Dominicana. Quando em 2004 o presidente Jean-Bertrand Aristide foi deposto num golpe de Estado, a instabilidade durava desde 2000, alegadamente porque a eleição que nesse ano o levara ao poder não tinha sido transparente. Talvez a opacidade se tenha tornado um hábito, pois parece envolver igualmente o assassínio de Moïse.